Os ídolos e os efeitos da conduta

Quando eu tinha 9 anos e estudava no Colégio Marista, numa tarde calorenta, 13h30minutos, na fila para entrar na aula, veio o Irmão Ernesto fazer um comunicado, no pátio que ainda está lá. “Cumpro o doloroso dever de comunicar a morte do Presidente da República Getúlio Vargas”. Todos os alunos, literalmente todos, jogaram suas pastas para o alto, como acontece hoje nas formaturas com os chapéus dos formandos. Alegria! Não ia ter aula, alegria! Estamos formados! Juntei minha pasta e quando voltei para casa soube que meu avô, que tinha na sala grande uma baita foto do Getúlio Vargas, havia chorado muito. Houve comoção em todo o país. A morte de Tancredo comoveu o país, mas nada se compara a de Getúlio Vargas.

Ayrton Senna

Ayrton Senna era unanimidade em todo o país, um ídolo, uma referência de conduta e sobriedade. Algumas opiniões se dividiam em torno da namorada dele, a Adriane Galisteu, que estava mais para Barbie do que para companheira ideal para o ídolo, segundo o pensamento de grande parte da nação brasileira. A família de Senna não gostava de Adriane, essa pressão acabou com o relacionamento. Na morte do piloto, ícone mundial, de forma trágica, comoveu o país, foi um pranto só, milhares de pessoas foram às ruas, crianças, jovens, adultos, não houve quem não chorasse a morte. Da tragédia brotaram profundas modificações na Fórmula 1, mormente no seu regulamento. A vida de Senna foi de uma conduta exemplar, exemplo máximo para alimentar sonhos e posturas na nossa juventude.

A morte de Maradona

Falcão (Falcao na Itália) saiu do Inter para o ROMA, que há muitos anos não sabia o que era ganhar um título do campeonato italiano. Falcão foi campeão, ídolo em toda a Itália, esses dias, muitos anos depois, recebeu uma das maiores honrarias concedidas pela Itália. Atleta exemplar, líder, figura humana referência, embora o orgulho exacerbado e algumas peraltices tenham lhe trazido alguns contratempos. Mas, na Itália, outro atleta estabeleceu fortes raízes, particularmente em Nápoles. Maradona fez do Napoli um campeão italiano, assim como Falcão com o Roma. Questão de uns quatro anos atrás, estávamos no norte da Itália, na cidade de Courmayer, situada no pé do Mont Blanc e parecida com Gramado em sua característica, posto que é estação de esqui no inverno. Paramos num Hotel simples, porém tradicional e familiar. Observávamos os doces artesanais no café da manhã, o atendimento na recepção, o preparo dos apartamentos e as atenções. Logo, logo, estabelecemos conversa agradável com a herdeira e dona do Hotel. Conhecemos a mãe dela, que estava numa cadeira de rodas, havia tido um AVC, mas uma bela senhora, alegre, sorridente e conhecemos a outra filha dela, uma estudante de engenharia em Milão, que estava de férias e ajudando no hotel. Nos questionaram de como, se éramos brasileiros, tínhamos o passaporte italiano. Explicamos a história da imigração e consolidamos o histórico cantando MÉRICA, MÉRICA, nunca cantei tão bem na minha vida, nem no banheiro. Ela atenta, derramava lágrimas. Todos ficamos emocionados ao extremo. No embalo eu disse a ela, vou lhe fazer uma pergunta, mas a senhora terá um segundo para responder: “para os italianos, o Papa (o atual) ou o Maradona?” Antes de concluir Maradona ela já respondeu: “Maradona”. E justificou: “os italianos são católicos mas não vão à igreja, mesmo nutrindo grande simpatia por este Papa. Mas o italiano adora futebol, compra ingressos antecipados para o ano inteiro, venera seu ídolos, lota os estádios, e Maradona foi o maior de todos”. Porque eu fiz essa pergunta? Porque na hora me lembrei de uma piada: “estavam no Vaticano milhares de pessoas à espera da benção Papal Dominical. O Papa apareceu lá no alto no balcão, tendo ao lado Pelé. No meio do povo um brasileiro perguntou a um italiano, “quem é aquele cara de branco”? “Aquele cara de branco eu não sei quem é, respondeu o italiano, mas o que está no lado dele é o Pelé”. Hehehe!

A vida do Maradona

Vi por diversas vezes vídeos promocionais de MARADONA. Como podia ter tanta força física e atlética, aliada a técnica, de tal forma que os adversários não pudessem pará-lo? Maradona nos embriagava com seu talento enquanto ele se embriagava com bebidas e drogas. Tinha um desequilíbrio psíquico, vivia na corda bamba, com médicos e familiares a assisti-lo. Mas os aficionados, os fãs, o amparavam com seu carinho, com seus aplausos, era um ídolo e ídolos não morrem, ídolos são perdoados, são compreendidos porque ídolos estão sempre embriagados com o sucesso, não se dão conta do mal que fazem a si próprios. Vejam a postura de Pelé, por exemplo, que teve uma filha adulterina, que provou na justiça, através do DNA ser filha dele, porém Pelé se recusou a aceitá-la, sequer conversar com ela. A moça morreu de câncer aos trinta e poucos anos e nem para o enterro ele foi. Como compreender? Mas quem discute Pelé? Pelé é amado pelo mundo inteiro, depois de se considerar inválido numa cadeira de rodas (problema de cirurgia na coluna), Pelé, que passou por sofrimentos atrozes (purificação?), está se recuperando, voltou a sorrir para o mundo. Maradona, consciente ou inconsciente, “fez de tudo para se matar”, dizia-se curado depois de fazer um tratamento exemplar por vários meses em Cuba, voltou ao futebol como técnico, mas, na intimidade, nunca abandonou o álcool e a droga. Não resistiu, morreu aos 60 anos quando poderia estar usufruindo o fruto do sucesso e do dinheiro que ganhou. As distinções familiares agora vão se acentuar na luta pelo espólio. Maradona teve onze filhos, cinco reconhecidos e seis estão na justiça em busca de reconhecimento. Assim aconteceu com HEBE CAMARGO, cuja mansão está lá abandonada com uma Ferrari apodrecendo no interior dela; como aconteceu com GUGU LIBERATO, cujas mulheres estão brigando pelo direito do espólio. Lamentável ver vidas esvaindo-se assim. Sobre Maradona, diga-se ainda que construiu uma rica mansão em Tigre, cidade próxima a Buenos Aires, Lá viveu seus últimos momentos. Estava se recuperando de cirurgia. Levantou de manhã, sentiu-se mal, voltou para cama, morreu ao meio dia. Médico responsável pela investigação atestou que “não há sinais de criminalidade”. A causa da morte foi atestada através de autopsia. Maradona estava angustiado e deprimido pois, ao festejar seus 60 anos, não conseguiu reunir todos os filhos e familiares. Ele estava pensando em voltar para Cuba e se isolar para outro tratamento a convite de Tony Castro, filho de Fidel. Não chegou a tempo, a depressão ajudou a matá-lo. A justiça vai investigar se houve negligência médica na morte de Maradona. E o Napoli já mudou o nome de estádio para “Diego Maradona”.

O abate das árvores

Nas minhas visitas ao Edifício Alcides Valenti, no lado esquerdo da casa do GEISEL, na sala de espera do meu médico, eu ficava contemplando duas belas árvores no pátio do estacionamento da casa, patrimônio histórico. Vieram abaixo para dar lugar a um estacionamento, vejam bem, num imóvel tombado pelo patrimônio histórico. Aliás, esse patrimônio histórico CASA GEISEL sempre esteve envolvido em polêmica, não gostam muito aqui em Bento de preservar patrimônio histórico, nem gostam muito de preservar áreas verdes, nem, de parques públicos. Temos uma cidade bonita, progressista, mas temos que ter mentes mais saudáveis. Sinceramente, é preciso ter muita coragem para abater uma árvore, principalmente uma árvore que, possivelmente, tenha sido plantada pelo Ex-Presidente Geisel. Se a municipalidade noticiou que plantou mil árvores eu, pessoalmente, não contei, mas plantei mais de 100 árvores, posso mostrá-las a quem quer que seja. Assim, me dói ver uma árvore abatida em qualquer lugar. BENTO PURA INSPIRAÇÃO. Também para cortar árvores. Eu tenho inspiração para plantar árvores. E você leitor, está inspirado em que? Ser ídolo como Maradona? Como Hebe? Como Gugu? Fique na linha!