A nossa identidade

Há uma grande diferença entre morar e trabalhar em Bento, em relação a ser de Bento, morar em Bento, gostar de Bento. Temos algumas instituições que só quem gosta de Bento as traz no coração. Festa de Santo Antônio, Fenavinho, Esportivo, são exemplos significativos, temos que mantê-las no lado esquerdo do peito, torná-las fortes e sustentáveis porque elas dizem respeito a sentimentos, orgulho e paixão. A Fenavinho, embora sob domínio do CIC precisa ter características e diretoria comunitárias, o Esportivo está em fase de consolidação e auto sustentabilidade e, a Festa de Santo Antônio, salve o Santo, que é mais protetor e amparador do que casamenteiro. Temos por ele aqui a mesma devoção que os italianos tem por ele lá. Em meio a perdas de vidas de forma inusitada, de famílias dizimadas em seu espírito, de medo, insegurança, na ansiedade pela vacinação, na fragilidade das pessoas, há quem procure encontrar culpados, transformando, a necessidade de harmonia e planejamento, em debate político e confusão. Pandemia é guerra, na qual devemos lutar com união de esforços, compreensão, tolerância, conhecimento do inimigo, forma de combatê-lo, estratégias, planejamento. São fundamentais para vencê-lo. O Brasil enfrenta problemas que outros países estão enfrentando com a mesma gravidade. O que nos difere e dilata nossa dificuldade é nossa extensão territorial e nosso ainda precário sistema de saúde, agregado a questões políticas, mais por ações populistas do que eivadas pela razão e conhecimento básico de como se deve contribuir para desenvolver uma nação com harmonia, respeito, qualidade de vida e inclusão social. Não falo em educação porque ela está inserida na qualidade de vida, pois educação é também conhecimento, postura, respeito, amor ao próximo. Conhecimento vem dos professores, o restante vem acasalado com o ditado “é de pequeno que se torce o pepino”. Assim, vem de nossos avós, de nossos pais, os princípios básicos da educação. Sem eles, fica difícil estruturar alguém para dar sustentabilidade a relações, buscar evolução pessoal e profissional. Procure as razões pelas quais 60% dos casais se separam antes de completar dois anos de casados e vocês as encontrarão. Procurem alguém que não tem emprego, faça a entrevista e vocês saberão porque. Não há qualificação mas, onde e como obtê-la? Procurem um lar em bairros carentes e também encontrarão crianças desamparadas, subnutridas, submetidas a maus tratos, tudo indo em direção a adultos com problemas psicológicos, mentais, insegurança, e vocês saberão porque. Observem as estatísticas, a pobreza está aumentando de forma avassaladora, índices superiores a 40% ao ano, mergulhem na análise do problema e vocês saberão porque.

O amparo

Passei pelo Tacchini, vi gente chorar, vi gente orar pela cura de familiar, acreditando em Deus, em Santo Antônio, o Santo Milagroso. “A fé move montanhas”, eu ouvia meu avô dizer isso quando se lhe apresentava uma dificuldade. “A oração ajuda na cura” dizem pesquisas recentes, se bem que os doentes pelo vírus recebem de seus familiares, as rezas por telepatia. O medo leva as pessoas a oração com o “me proteja Deus”, a necessidade leva pessoas a Jesus com “preciso de teu amparo e ajuda”, ou ao apelo “dai-me forças Santo Antônio”. Paralelamente, “os médicos são Deuses, os Membros do corpo de enfermagem são anjos”. Na penúria todos acentuam o valor da ação humana, do reconhecimento, da gratidão, o que seria das pessoas se não pudessem se valer do “exército de Deus na terra”, composto, fundamentalmente, pelos profissionais da saúde. Tem um clamor do Presidente Bolsonaro que me chama atenção: “DEUS NO COMANDO, VAMOS ACABAR COM A ROUBALHEIRA, O POVO PRECISA DE AJUDA, VAMOS ABRIR TUDO, O BRASIL NÃO PODE QUEBRAR” é a sua pregação. São os pontos básicos o resto é discutível, até mesmo o fato dos políticos estarem recolhidos em suas fazendas, em suas mansões, em seus “currais” eleitorais, recebendo seus altos e intocáveis vencimentos, fugindo a discussão do tema PANDEMIA mas, exercendo na plenitude a crítica das ações contra ela. Certos ou errados Bolsonaro e Guedes, reafirmaram o Bolsa Família, instituíram o auxílio emergencial, instituíram o PRONAMPE em auxílio a empresas, dilataram os prazos de pagamento dos impostos e agora vão vir em socorro dos aposentados antecipando valores como auxílio emergencial. Querem a economia plena, lutam contra o descrédito que se reflete no dólar. Mas o Brasil é o Brasil. Em tempos de PANDEMIA, os Governadores mandam mais que o Presidente. Bem, então, vamos aos Governadores, eu não tenho subsídios que me levem a acreditar que o Governador Leite não tenha suas razões ao decretar medidas de exceção no funcionamento do comércio e serviços. Não consegui ler, em lugar nenhum, qual é o procedimento padrão que está sendo adotado por todas as empresas industriais para combater o vírus. Eu disse todas, não algumas. Mesma coisa no comércio, nas empresas prestadoras de serviços. Eu entendo que se o Prefeito e as lideranças representativas do comércio e indústria querem as empresas abertas e plenas, elas vão estar abertas e plenas, precisam convencer o Governador de como isto é possível acontecer e não somente protestar por não estar acontecendo. Vejam que até o ex-prefeito Pasin nos confunde. Ele foi coordenar, por 30 longos dias, a campanha do Governador Leite. Teria então, em tese, influência junto ao Governador. O que fez Pasin? Foi as redes sociais dizer que “está errado o Governador”. Na Câmara, esta semana, Vereador, disse na tribuna que “segunda-feira meu restaurante vai abrir”. Trabalho para Brigada e medo de frequência para não ir a polícia. Como vamos condenar alguém diante destas posturas que nos confundem? A FIERGS está quieta, a indústria está operando. A FEDERASUL e a FECOMÉRCIO, AS ENTIDADES REPRESENTATIVAS DOS SERVIÇOS E ALIMENTAÇÃO, estão quietas, não dizem onde e/ou porque o Governador está errado. Ser contra o Governador e, deu? Se abrir tudo, quem e como combateremos o vírus, digam claramente o que deveria ser feito, não apenas o que está errado. Caso contrário, Deus ou Santo Antônio, será nossa única salvação.

Ação paroquial

Recebi do Pe. Ricardo, mensagem da Paróquia Santo Antônio, acompanhada do Livro VIAS-SACRAS, do folheto CAMINHO PASCAL, assim como uma mini estátua de Santo Antônio. Material bem feito, que contribui para a sustentação da importância da Paróquia e da atuação de liderança, respeito e admiração que os Paroquianos tem pelo Pe. Ricardo.

Sobre os que se foram

Não gosto de perder amigos, nem tampouco referências comunitárias, levo tempo para assimilar, nunca esqueço. De vez em quando passa pela minha cabeça o Dr. Beniamigo Giorgi que, ao me ver, aos 6 anos, levado pelo meu avô, eu vítima de um prego enferrujado, olhou pra mim, numa salinha de 2m X 2m e disse: “ma, cosa che com questo ragazzo”? Ou, o Dr.Antonio Casagrande que descobriu que eu tinha nos meus 18-19 anos, uma úlcera estomacal bem grande, certamente derivada do “bulliyng sofrido no Colégio Marista” (estou brincando). Me levou para uma salinha do raio x, me mostrou e disse: “olha ela aí, mas eu não vou serrar teu peito para acabar com ela, tu vai mudar teus hábitos alimentares e curá-la. “Foi o que eu fiz, foram pro espaço as mil folhas, os baurus, os cachorros quentes com seis salsichas, mostardas, pastéis, e, adotei o princípio: “coma moderadamente”! Tempos depois, nova avaliação e: “cadê a úlcera? Se foi. Agora, recentemente, nova pequena úlcera, na iniciação, fruto talvez da pandemia. Medicamentos modernos nela, nova avaliação que não fiz porque não piso no Tacchini enquanto essa “nhaca” persistir, estou colaborando com o Hospital e, “bebendo moderadamente” e “socialmente”. Passa pela minha cabeça, seguidamente, o Dr. Ervalino Bozzetto, que fumava umas três carteiras de cigarro por dia. Me encontrava com ele na saída da Galeria Zanoni, onde ele batia ponto, com o “venerável” Onorino Marini. Eu dizia: “Dr. Bozzetto, cigarro mata”. E ele respondia: “guri faça o que eu digo não faça o que eu faço, vai ganhar jogos (fui presidente do Esportivo por três anos) eu pago mensalidade de sócio e quero ganhar, tô de olho”! E eu saia de fininho. Não vou esquecer fácil também do Dr. Guerino Dalla Chiesa, “uma figura eclética” diria o sempre saudoso Onorino Marini. Dr. Guerino, um ícone dos médicos tradicionais de Bento, medicina convencional, olhar severo e analítico, poucas palavras, muitos anos de serviços médicos prestados inclusive na Vinícola Aurora. Os médicos são uma espécie de anjos gravitando em nossa existência, difícil aceitar que morram. Vou, mais adiante, falar de amigos que partiram.