Os princípios do novo

Pois então vamos adiante, nada de falar das pandemias de confusões, de política, “de robe brute”, vamos falar sobre a “aurora da minha vida”, do nascimento até os 8 anos na casa de meu avô, concluindo dizendo o que me marcou e o que ajudou a forjar minha personalidade. Primeira lição:

Estrebaria limpa

Um dia meu avô resolveu me escalar para limpar a estrebaria, onde tinha duas vacas leiteiras. Tinha que ir buscar a água com balde. Um, dois baldes e pronto, tá limpa vô! E ele “tu dormiria ali?”. “Eu não, vô”, respondi. E ele “então continua limpando e, quando tu chegar à conclusão de que tu dormiria ali a estrebaria vai estar limpa”. E me explicou porque era importante limpar: de noite as vacas deitam e, se não estiver limpo no dia seguinte, o leite poderá estar infectado. Como eu tomava leite de manhã direto da vaca para meu estômago, “pernas e braços para que te quero”, aumentei o transporte de dois para vinte baldes, a distância era de 100 metros. Recebi elogios e passei a tomar o “Camaro” tranquilo. Mas devo dizer que meu aparecimento pela “zona de transporte” diminuiu sensivelmente.

O que tirar da natureza

Depois de ter me ensinado a pescar e vendo que, um dia, no pátio com o balde cheio de peixes, ele veio no meu encontro e perguntou “o que tu vai fazer com esses peixes?”. Eu respondi muito orgulhoso “não sei vô, eu pesquei”. Ele emendou “quem come peixe nesta casa?” “Quase ninguém, vô”, respondi. E ele então disse: “então vai lá e joga os peixes de volta ao rio” e arrematou “tira da natureza o que tu precisa dela”.

Fiquei muito triste, triste mesmo, mas devolvi os peixes ao rio. E nunca mais pesquei, “eu não precisava tirá-los do rio”, tinha medo de comer peixe porque já tinha visto muita gente com espinho atravessado na garganta e comendo pão para empurrar o tal de espinho goela abaixo, sem se preocupar como é que ele iria sair depois. Certamente o ácido estomacal o diluía, se não…deixa pra lá. No rio Barracão dava traíra e jundiá, peixes com muitos espinhos. Então era assim, “peixe na boca da vovó ou da mamãe, para ver se não tinha espinho e, depois? “Na boca do Riquinho”. POVERETO!

Direito de um, direito de todos

Comer melancia na minha época de guri era coisa de verão. Meu avô comprava um caminhão inteiro de melancias, armazenava no porão que era de chão batido, vinham à mesa fresquinhas. Às cinco horas da tarde, todos reunidos, éramos onze. Se faltasse um nada de corte de melancia. Corta de um lado, corta de outro, a expectativa, estaria madura? Madura ou verde lá vinha o pedaço, uma melancia dava treze pedaços, o que quer dizer que dois recebiam dois pedaços, a torcida era grande. No dia seguinte outros dois recebiam dois pedaços.Equidade, direitos iguais. Num curto espaço de tempo todos tinham comido dois pedaços de melancia. Meu avô tinha, no parreiral, uns pés de uva Moscato de Hamburgo, minhas preferidas até hoje, embora não tenham sabor igual. Ele fazia, numa folha de papel de embrulho, um mapa dos cachos e monitorava. Se faltasse um dos cachos instaurava um inquérito administrativo pra saber quem, quando e como o cacho havia desaparecido. Madura a uva, os cachos eram distribuídos em igualdade de condições para toda a família e que família! Com a uva Peverella, que eu gostava muito, meu avô fazia vinho branco, com a uva Isabel vinho tinto e a Moscato nós comíamos.

Um dia, na hora da melancia, meu avô disparou “tem alguém tomando meu vinho preciso saber quem é”. No outro dia, de novo, “quem está tomando meu vinho?”. Silêncio total! Um dia, não muito distante, lá estava eu abrindo a torneirinha da pipa e com 1/3 do “bicheroto” disponível, degustava o vinho. De repente um brado “TE PEGUEI!” era meu avô lavrando um flagrante delito, ele sabia que era eu mas queria, na mesa da melancia, uma “confissão pública”. Não conseguindo, armou a tocaia. Aí ele me disse “não tenho nada contra tu te acostumar a tomar vinho, mas veja bem, lá em cima tem um garrafão, tirou o vinho aqui em baixo, repõe lá em cima para não ficar ar dentro da pipa e estragar o vinho”. Assimilada a lição, recolhi os cacos de vidro do copo que voou alto pelo susto, e desisti de tomar vinho. Dava muita mão de obra, a pipa era grande, tinha que colocar uma escada, subir, abrir a pipa, abrir o garrafão, abastecer a pipa, fechar a pipa, fechar o garrafão, guardar a escada, “não era coisa para criança fazer”.

Não mexa no que não é seu. Se mexer, peça licença antes e siga as regras. Gesto respeitoso e democrático.

Tem mais um capítulo para contar e depois me despedir da casa de meu avô e ir morar na casa nova que meu pai construiu, onde minha vida passou a ser um “rabaltão”.

Pertinentes e atuais

Qual a diferença entre Abelardo Barbosa (Chacrinha), que se dizia “estar com tudo e não estar prosa” e Bolsonaro? Nenhuma. Bolsonaro está com tudo e não está prosa. A avaliação positiva de seu governo subiu de 41% para 50% e o nível de confiança de dezembro até agora subiu de 41% para 46%.

Em maio quando o número de desempregados girava em torno de 11 milhões dizíamos que atingiria, até dezembro, 15 milhões. Já estamos com 13 milhões de desempregados, vamos aos 15 e, em abril de 2021, estaremos atingindo 20 milhões de desempregados. Anotem.

Filhos matando pais para ficar com os bens está se tornando uma constante. O “Botei os filhos no mundo, eles que dêem de si”, está se voltando “contra os pais”. “Vagabondi” diria meu avô, para os assassinos.

Justiça decretou falência da APLUB, 20 mil trabalhadores contribuíam com plano de previdência complementar. A dívida supera em duas vezes o patrimônio. Desde 2015 a SUSEPE intervém na Entidade que chegou a ter 30 mil associados, seis mil beneficiários, 120 empregados e 150 mil postos de vendas. Estou entre as “vítimas”, estou em litígio judicial, nada adiantou. O que me dana é a impunidade, porque os responsáveis não estão na cadeia

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) divulgou a lista das melhores escolas públicas do RS. Nenhuma de Bento, duas de Farroupilha entre as dez.

Bento também não está entre as cidades mais inteligentes do país. De acordo com o ranking Connected Smart Cities, que abrange 673 municípios do país com população acima de 50 mil habitantes, Caxias, Bento, Farroupilha e Vacaria estão aptas a integrar o ranking. Bento Gonçalves ocupa a 79ª posição no quesito Educação. E no quesito Economia ocupamos a 83ª (43ª em 2019) e é só. Caxias está na nossa frente em Meio Ambiente, Tecnologia e Inovação, Empreendedorismo, Economia. Vamos reagir?

Bento também não figura entre as melhores escolas de Ensino Fundamental. Segundo dados divulgados pelo IDEB, que se baseia em boa gestão, planejamento, metas claras e envolvimento dos professores, alunos e famílias. Perdemos feio para Farroupilha. E não aparecemos entre as dez melhores do RS.

No último domingo contei umas 30 crianças no Parque Temático do Vinhos Dal Pizzol, em Faria Lemos. No Parque de Eventos, nem um TOTI e, no centro da cidade, nenhuma alma viva. Não entendo, ou melhor, “não consigo engolir”.

Roberto Carlos, 79 anos, tem como companheira uma bela jovem de 28 anos. Tinha três iates, vendeu dois. Tinha oito carros, vendeu quatro. Filho dele, DUDU BRAGA, tá se esforçando para combater um câncer complicado. Acreditar é preciso?

Setor Moveleiro de Bento está em alta. Metal Mecânico corre atrás. Turismo carece de mais estradas asfaltadas, planejamento e assistência. Turistas estão por aí aos montes. É hora de colocar os termos de desenvolvimento aos candidatos a Prefeito?

Você gostaria de ser o Governador do Estado, em meio a esta “naba” que ele está? O que é que você faria? Vestiria as sandálias da humildade? Encilhava o cavalo? Organizaria o “Exército da Salvação?” Adotaria o slogan “o Senhor é meu Pastor nada me afetará?” como eu adoto ou, tocaria em frente querendo o aumento de impostos para debelar a crise? “POVERETO”, diria me NONA.

Li e não acreditei! Cresce 60% o número de cidades com mais eleitores do que habitantes no Brasil.

No Paraná uma mulher superou doença, mais dois abortos e, cinco anos depois, engravidou de quadrigêmeos. No Rio, mulher que estava pronta para cirurgia, fugiu do Hospital e morreu na rua de hemorragia por traumatismo no tórax. Das poderosas tu pode esperar de tudo? São Anitas Garibaldi modernas?

Vocês sabem quem é o MAGAWA (o Magayver dos roedores)? É um camundongo farejador de minas terrestres. Ele ganhou o prêmio por “bravura terrestre” ao cumprir missão no Camboja. Farejou 39 minas terrestres e 28 itens de munição não detonadas. Os ingleses têm esse pensamento diferenciado, afinal, eles têm um governo de esquerda e uma Rainha. O que você faria com um rato desses, herói militar? Colocaria ele a detectar fakes? Detectar invasões domiciliares noturnas? Pesquisar preços em farmácias e supermercados?

No Piauí uma família fez campanha pública para encontrar um cabrito de estimação. E encontrou depois de um tempo. Vocês assistiram os filmes de Mazzaropi que tinha lá no Nordeste um de estimação? O que aconteceria aqui em Bento se um cabrito estivesse perdido por aí? Alguém adotaria ou compraria lá na Linha Alcântara onde os animais são abandonados?