Um Zatt com outra cara I

Tempos atrás fui fazer uma visita ao Prefeito Diogo, e, ao entrar no Gabinete, ele me “sequestrou” com um “vem comigo”! Fomos até o carro e ele me levou até o Bairro Zatt, onde a Municipalidade estava fazendo “uma revolução”, visando a inclusão social, qualidade de vida, formação das crianças. Na ida ele demonstrou ter uma “cisma” com a classe empresarial, “ela pode dar de si, não precisa do poder público”, sustentou e, eu, contra argumentei “não é bem assim Prefeito, a condução do município em harmonia de interesses é fundamental, elimine as distâncias, o Senhor é o líder máximo”. Sugeri inclusive que alugasse um ônibus e levasse os empresários para ver o que ele estava fazendo, “filhos assistidos e educados durante o dia, pais no mercado de trabalho menos preocupados e qualificados”. O processo de conciliação de interesses foi gradativo, mas aconteceu. Hoje, CIC, MOVERGS, SINDIMÓVEIS, conduzem interesses recíprocos com a Municipalidade a tal ponto de, a então Presidente Marijane Paese, ter deixado a presidência da Entidade irmanada com o Prefeito e, deixando seu sucessor, Carlos Lazzari, num mar de tranquilidade no que diz respeito as relações com a Municipalidade e, muito embora Lazzari entenda que “a Municipalidade pode participar mais”, concordo no que diz respeito a FENAVINHO.

Outra cara II

Convidado que fui, ao lado de outras lideranças comunitárias, como o Presidente do CIC Carlos Lazzari, Presidente da MOVERGS Euclides Longhi, Reitor da Faculdade Cenecista Bruno Eizerick, Vice Reitor da UCS Fabiano Larentis, estive, nesta terça-feira, prestigiando a inauguração da Escola Municipal Professor Jauri Peixoto, que é escola integral, creche, centro educacional, local de recreação, ali tem de tudo que possibilite um crescimento saudável, sábio e intelectual das crianças, além de possibilitar aos pais, o acesso, em melhores condições, ao mercado de trabalho. Confesso que não esperava tanto, não é uma escola, é um templo bem equipado, construção classe A, operacional e em condições de abrigar 120 crianças, no momento são 30. Muitos Prefeitos de Bento deixaram marcas de sua gestão, Milton Rosa construiu três grandes praças e o Parque da Fenavinho; Sady Fialho Fagundes levou eletrificação e água ao interior; Aido José Bertuol fez dois Projetos CURA; Darcy Pozza deixou, como legado, o Ginásio de Esportes, o Estádio novo do Esportivo, a construção do Prédio do Banco do Brasil; Fortunato Rizzardo foi o “Prefeito dos bairros carentes” e, assim por diante, marcos de desenvolvimento. Entendo que o que o Prefeito Diogo fez, no Zatt, deu méritos também ao ex-Prefeito Pasin, vai se tornar marco de sua administração. Chegar ao Bairro Zatt não é fácil, sair dele mais difícil ainda, mas, o que foi feito lá vai ter o poder de transformação social, educacional e de qualidade de vida.

Outra cara III

Em certa ocasião, num passado não muito distante, em recepção de Antonio Longo, compartilhei a mesa com o casal proprietário dos produtos DA COLÔNIA, lá de Santo Antonio da Patrulha. Sem que eu questionasse ele me disse “nós estamos muito orgulhosos do Jauri Peixoto ter representado tão bem, em Bento, nosso município”, Jauri nasceu naquele município. Foi atleta do Esportivo em tempos de grandes conquistas, zagueiro rigoroso, líder dentro e fora de campo, inclusive com projeção social intensa no Município. Era um gentleman, sua maneira de chegar era “e ai chê o que tu me conta”. Foi político, daquele que todo o partido gosta de ter em seus quadros, associativo, solidário à unidade. No exercício dos cargos públicos assumiu notoriedade pela sua personalidade carismática, amável, conciliatória. Quando me deparei com o nome da escola, sofri um impacto de análise, na volta para casa minha memória viajou, e concluiu ser uma homenagem justa em seu tamanho também.

A Guerra da Polenta I

Quando eu era guri, em BARRACÃO CITY, bah, tinha que comer polenta! Eu gostava mesmo era da casquinha que ficava grudada na panela. Já fui para a Itália em tempos de que “milho é comida para porcos”, e a polenta “ficou perdida no tempo dei noni”. Hoje, a Itália, de norte a sul, come polenta, a França come polenta, a Espanha come polenta, meio esbranquiçada mas é polenta. O Brasil come polenta, com ossobuco, com carne de panela, com queijo, eu virei um polenteiro, derramo um pouco de polenta, coloco umas fatias de queijo, gosto de adicionar orégano, pimenta, cubro com polenta, adiciono parmesão e deu prá bola, fica uma delícia, como não gostar de polenta?

A Guerra II

Pois quero contar a vocês que um dia, nos tempos em que a Itália não comia polenta, eu fui para Vitória, no Espirito Santo, uma cidade que se compara ao Rio de Janeiro, muito linda, se você não foi, vá. Como sou meticuloso em termos de “custo benefício”, fiz programação, inclusive para visitar, ao norte, distante uns 160 quilômetros, duas cidades referências: “VENDA NOVA DO IMIGRANTE (italiana) e DOMINGOS MARTINS (alemã). Parei primeiro em DOMINGOS, uma cidade linda com atrações ecológicas, linda praça, no alto de uma grande montanha um grande sino, a badala ecoava por toda a região. Impressionado, cheguei num taxista e perguntei o que é aquilo? Ele respondeu: “presente do Governo Suíço”, e eu voltei a perguntar: “como levaram o sino até lá em cima”? Ele respondeu: “a população ajudou, levaram três meses, mas conseguiram chegar lá”. Fiz estrada, não fui aos Parque Ecológicos, fui de encontro aos italianos. Chegando lá, no Parque POLENTÃO, idealizado pelo Pe. CLETO, assim como o Pe. Manica idealizou a Fenavinho, estava em realização o FESTIVAL DA POLENTA. Apanhei os ricos folhetos e a atração principal musical era o RAGAZZI DEI MONTI, comprei ingresso e entrei. Cada barraca vendia um tipo de polenta, tinha até chopp de polenta, me servi de uma polentinha com ragu, depois fui assistir o Show do RAGAZZI, disfarçado de chapéu caído nos olhos e óculos escuros. Ao final de cada música eu ensaiava um protesto e o Álvaro, eterno Secretário de Turismo de Monte Belo, olhava aquela figura contestatória. Em determinado momento me despi do meu chapéu e dos meus óculos e gritei: “sou eu Álvaro”. Aí veio o “mas como? Não é possível. Que bom te ver! Grande abraço”! Depois fui ao almoço. Claro que tinha polenta, mesas grandes, coloniais, até que chegou o momento de entornar a polenta, veio aquele inacreditável tachão suspenso e foi feito o transbordo. Ao som do LA BELA POLENTA, todos vibraram como se tivessem ganho na loteria esportiva. Todos os anos o RAGAZZI vai lá animar o festival, o conjunto é considerado “patrimônio cultural” do Município.

A Guerra III

Pois foi lá, eu tenho certeza, que o Álvaro Manzoni trouxe a ideia do POLENTAÇO, no começo, reservas, mas emplacou, é bem feito e atrativo. Mas, em CAXIAS, meu nono diria que “lá le pien de personne furbe”, roubaram, ou pediram emprestado, ou se apropriaram, indevidamente, encarem como quiserem, e instituíram, na Festa da Uva, o POLENTAÇO. Pronto, estabeleceu-se uma guerra fria entre CAXIAS e MONTE BELO, parecida com a da RÚSSIA com a UCRÂNIA. “O POLENTAÇO É NOSSO”, bradou Monte Belo. Mas, “SÓ PEDIMOS EMPRESTADO”, respondeu Caxias. Nessa discussão toda que se estabeleceu, mobilizaram-se os exércitos. Caxias fechou as fronteiras, estabeleceu controle de tráfego, “ninguém de Monte Belo entra aqui para impedir nosso POLENTAÇO”, um termo genérico a tal ponto que se a professora perguntasse na sala de aula: “Joãozinho, o que é um POLENTAÇO? Ele responderia: “elementar meu caro Whatsson (as crianças são assim, sabidas) UMA POLENTA GRANDE”. Bem, uma polenta grande minha avó fazia, para 11 pessoas, mas uma polenta grande, um polentaço, feito em Monte Belo, naquele paraíso ecológico, comida acompanhada com “vin del chodo” em meio a gente boa, só em MONTE BELO.

A Guerra IV

Bem, mas diante da crise política, institucional, Monte Belo mobilizou seu exército para “invadir Caxias” a acabar com o POLENTAÇO dela, um “genérico” elaborado sem licenciamento. Patrolas, retroescavadeiras, tombeiras, foram armadas e colocadas em posição de rumar para invadir a Festa da Uva, “como os caminhoneiros invadiram Brasília”. Prefeito Dallé solicitou ao Prefeito Diogo e, ao Prefeito Fabiano de Farroupilha, licença de passagem. Solicitou também a Prefeita Gisele de Santa Teresa que cedesse a equipe de remadores e mergulhadores do Município para que, com a Lancha de transporte que trabalha por lá, subisse o Rio das Antas e invadisse Caxias por mar, quer dizer, pelo Rio. Os “COM TERRA” de Monte Belo, afiaram seus gadanhos, suas foices, suas tesouras de podar parreiras e entraram num treinamento dinâmico para compor um exército que, a semelhança do MST, invadissem Os Pavilhões da Festa da Uva. Em apoio a toda essa movimentação “bélica”, o povo Montebelense, nas ruas, gritava: “ei Caçia, devolve o Polentaço”! Bem, enquanto essa guerra fria se desenvolvia e os instrumentos de guerra eram organizados, sob a supervisão da Esquadrilha da Fumaça pois o BOPE não teria coragem de entrar em Monte Belo, no campo diplomático, no prédio da ONU, que é a Cooperativa Vinícola Garibaldi, as negociações se estabeleceram.

A Guerra V

Os diplomatas de Caxias já chegaram chegando, bradando: “O POLENTAÇO pode não ser nosso, vamos negociar, mas o PASTEL DE POLENTA, é cria nossa e veio para ficar”. Os diplomatas de Monte Belo, olharam para aqueles “gravatinhas” e bradaram: “alto lá, o pastel de polenta, é um derivado da polenta, temos direitos autorais sobre ele”. Bah chê, como resolver isso? Começaram a elaborar um termo de conduta político, nada a ver com aqueles elaborados pela Promotoria Pública. Monte Belo bradou, “queremos o pagamento de Royalties sobre os pastéis” e, Caxias, contrapropôs, “damos o tacho pra vocês de presente, assim vocês vão ter no POLENTAÇO o TACHO 1 e o TACHO 2, inclusive podem usar o tacho para turista pisar uva, é mais resistente do que a MASTELA”. E tem mais, dignos Montebelenses, nunca mais vamos tocar no nome POLENTAÇO em Caxias, muito menos na FESTA DA UVA, ressalvado o uso do nome “POLENTINHA”, nos restaurantes. Começou a se desenhar o “termo de conduta”. Por fim, nada mais de POLENTAÇO EM CAXIAS, só o PASTEL DE POLENTA, e Monte Belo nem quis saber do Tachão da Festa da Uva, disse que “estava contaminado”. Assinado o acordo, brindaram com os novos lançamentos da GARIBALDI, e, o Prefeito Chesini, mediador do encontro, ao se pronunciar disse que “conversando a gente se entende”. O que foi servido junto com o espumante? Os “pastéis de polenta”, de Caxias e, os criativos “palitos de polenta”, de Monte Belo. E, como dizem os livros das princesas “Caxias e Monte Belo vão viver felizes para sempre”, mas, “um longe do outro”. Gente, como não fazer folclore em torno desta GUERRA DA POLENTA?