A Rota Cantinas Históricas, em Faria Lemos, distrito de Bento Gonçalves, guarda uma preciosidade quando o assunto é cultura do vinho. Trata-se do Vinhedo do Mundo, uma coleção de 390 variedades de mais de 30 países dos cinco continentes, localizado em um pequeno espaço de 0,7 hectare no Ecomuseu da Cultura do Vinho da Dal Pizzol. Essa é uma das três maiores coletâneas de uvas privadas do planeta, a maior da América Latina, e que promete se tornar um dos ícones da civilização do vinho no Brasil. Neste sábado, 7 de fevereiro, ocorreu a 5ª Colheita Simbólica do Vinhedo do Mundo, experiência vivida por um grupo distinto de convidados, entre políticos, autoridades, empresários e jornalistas.

Entre os convidados, a presença ilustre do italiano Luigi Soini, que inspirou o projeto no Brasil e que cultiva, no norte da Itália, uma coleção com 950 variedades de uvas de 70 países. Soini, que foi homenageado pela Dal Pizzol com uma placa na entrada do Vinhedo do Mundo, disse que o projeto nasceu com o desejo da paz mundial. “O vinhedo está instalado numa região onde existiam muitos conflitos e que faz fronteira entre italianos, alemães e o leste europeu. Se a solidariedade entre os povos depende da atitude dos homens, o que nem sempre acontece de forma rápida, porque não começar com um vinhedo que por meio das uvas representa a união dos povos?”, ressaltou o italiano. Ele explicou que o resultado na taça é o Vinho da Paz que é entregue a cada chefe de Estado como representação desta mensagem.

“O vinhedo do mundo é um símbolo e uma mensagem de fraternidade e solidariedade humana que só a cultura do vinho e suas implicações filosóficas são capazes de expressar. Este projeto pretende chegar a ser uma das mais belas coleções de variedades vitis do mundo”, afirma Rinaldo Dal Pizzol, presidente do Instituto R. Dal Pizzol. Atualmente, estão em cultivo 390 variedades, sendo que 305 estão em plena produção. As outras 85 começarão a produzir uvas em 2016.

O projeto teve início em 2005 e conta com o apoio da Embrapa Uva e Vinho e de entidades internacionais, que têm contribuído com o envio de exemplares para serem cultivados na vinícola. A Colheita Simbólica do Vinhedo do Mundo, que celebra a cultura do vinho e a solidariedade entre as nações, teve início em 2011. A partir daí, elaborou-se o Vinum Mundi, um vinho resultado da seleção das uvas ali cultivadas.

Durante o ano, o Vinhedo do Mundo pode ser visitado por aficcionados, estudiosos e interessados. O Ecomuseu fica aberto de segunda à sexta-feira, das 9h às 11h40min e das 13h30min às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h30min. Para grupos é preciso agendar reserva pelo telefone 54 3449 2255 ou pelo e-mail [email protected].

Vinum Mundi 2014 – 140 uvas e um vinho

Depois da colheita simbólica, os convidados foram conduzidos a conhecer a Enoteca Dal Pizzol, instalada em uma antiga olaria da família e, na sequência, desfrutar do almoço servido à beira do lago, quando foi apresentado o Vinum Mundi 2014. Resultado da vinificação de 140 variedades de uvas de 25 países colhidas no ano passado no vinhedo, o Vinum Mundi não é um vinho comercial, mas cultural, ou seja, expressa e simboliza a solidariedade dos povos e sua cultura. A Fanfarra Bersaglieri de Faria Lemos, primeira fora da Itália, formada por 32 integrantes de 9 a 82 anos, recepcionou os convidados.

O Vinum Mundi 2014 traz em seu rótulo a obra da artista Eliane Averbuck. Na colheita de 2013, os artistas Aido Dal Mas, Eliane Averbuck e Sônia Bervian Possamai, todos de Bento Gonçalves, acompanharam o evento e passaram para a tela o que o vinho despertava em cada um. No rótulo do Vinum Mundi 2013 a obra escolhida foi de Aido Dal Mas e no próximo ano será de Sônia Bervian Possamai. Cada participante da colheita simbólica recebeu uma garrafa do Vinum Mundi 2014.