Escola é a única de Bento Gonçalves a oferecer ensino integral do 6º ano do Fundamental ao 2º ano do Ensino Médio

O ensino em tempo integral no Brasil tem se consolidado como uma estratégia fundamental para aprimorar a qualidade da educação básica. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o Programa Escola em Tempo Integral visa fomentar a criação de matrículas com jornada igual ou superior a 7 horas diárias ou 35 horas semanais, abrangendo todas as etapas e modalidades da educação básica. O objetivo é proporcionar uma educação integral que contemple não apenas o aumento da carga horária, mas também a integração de diferentes saberes e a articulação com áreas como cultura, esporte, saúde e tecnologia.

Equipe diretiva: Diretor Gilmar Caio, Vice-Diretora/tarde: Jose Maia Alves e Vice-Diretora/manhã: Leina Marin

Dados do Censo Escolar 2023 indicam um crescimento significativo nas matrículas em tempo integral, alcançando uma taxa de 21,9%, aproximando-se da meta de 25% estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE). O ministro da Educação, Camilo Santana, destaca em entrevista “vamos continuar essa política de indução, técnica e financeira, junto aos estados e municípios, em todas as etapas da educação brasileira, sempre focados em estimular, também, a ampliação do ensino médio em tempo integral”, afirma.

A decisão pela ampliação do ensino integral

No contexto dessa expansão, o Colégio Estadual Landell de Moura, destaca-se por ser a única escola estadual da região a oferecer ensino integral desde o 6º ano do Ensino Fundamental até o 2º ano do Ensino Médio. Em entrevista, o diretor Gilmar Caio explica que a decisão de ampliar o ensino integral para os anos iniciais do Fundamental ocorreu após uma assembleia com pais e professores em 2024, que aprovaram a proposta por maioria. “Dando sequência à meta da Secretaria Estadual de Educação de ampliar o Ensino Integral em toda a rede, o Colégio Landell de Moura foi o único da cidade a manter a proposta de ensino integral e ampliar para o 6º e 7º ano do fundamental, permanecendo apenas o 3º ano do Ensino Médio no modelo tradicional diurno”, afirma.

Desafios e adaptação ao novo modelo

A implementação do modelo integral trouxe desafios, especialmente na adaptação da estrutura escolar e na capacitação dos professores para as novas disciplinas. “Os principais desafios do primeiro ano de Ensino Integral foram as disciplinas novas, que exigiram capacitação e dedicação extra dos professores, adaptação das salas e equipamentos disponíveis na escola. Para isso, houve investimentos da Secretaria Estadual da Educação em infraestrutura e formação de profissionais”, relata.

Outro ponto de atenção foi manter o interesse dos estudantes ao longo das nove horas de jornada escolar. Para isso, foram criados clubes de protagonismo, que permitem atividades recreativas e culturais durante o intervalo do almoço, incluindo esportes, cinema, leitura e xadrez. “Grande parte dos nossos alunos também acabou deixando a escola em função da necessidade de trabalhar em um dos turnos, o que tem sido ainda um desafio a ser superado neste segundo ano de Ensino Integral”, complementa o diretor.

Rotina dos estudantes e as novas disciplinas

Os alunos chegam à escola às 7h30, tomam café da manhã e iniciam as aulas às 7h45. As disciplinas incluem tanto o núcleo comum, como português e matemática, quanto disciplinas diferenciadas, como projeto de vida, práticas em diversas áreas e cultura digital. Após o almoço, participam de clubes de protagonismo, que oferecem atividades recreativas e culturais, retornando às aulas à tarde e encerrando o dia letivo às 16h45.

O modelo inclui disciplinas específicas para cada segmento:

Ensino Fundamental: projeto de vida, práticas de linguagens, práticas de matemática, práticas de natureza e práticas de humanas, mediação de estudos e cultura digital.
Ensino Médio: mentoria, estudos orientados, eletivas, pós-médio, práticas experimentais, resolução de problemas e redação.

Crescimento no Brasil e no Rio Grande do Sul

O ensino em tempo integral tem se expandido significativamente no Brasil e no Rio Grande do Sul, refletindo um compromisso crescente com a melhoria da qualidade educacional. De acordo com o Censo Escolar 2023, houve um aumento de 2,2 pontos percentuais nas matrículas em tempo integral nos anos iniciais do ensino fundamental e de 3,5 pontos percentuais nos anos finais. No ensino médio, desde 2019, o crescimento atingiu 9,9% na rede pública.

Especificamente no Rio Grande do Sul, a Secretaria da Educação (Seduc) tem priorizado a ampliação do Ensino Médio em Tempo Integral. A partir de 2023, o estado conta com 111 instituições adotando esse modelo, incluindo 67 novas escolas que se somam às já existentes. Essas instituições oferecem uma jornada diária de 9 horas, totalizando 1.500 horas anuais de atividades, com uma matriz curricular que integra componentes como Projeto de Vida, Mundo do Trabalho, Cultura e Tecnologias Digitais, entre outros.

Em novembro de 2024, o governo estadual anunciou a expansão para mais 90 escolas de Ensino Médio em Tempo Integral em 68 municípios, elevando para 296 o número de instituições nesse modelo. Essa iniciativa visa atender à meta do Plano Nacional de Educação de que, até 2026, 50% das escolas de Ensino Médio da rede pública sejam em tempo integral, com 25% dos alunos matriculados nessa modalidade.

Impacto na comunidade e perspectivas futuras

As famílias têm reagido positivamente à ampliação do tempo integral. “Estamos em um processo de implantação do modelo, mas já ouvimos muitos elogios das famílias, que observam seus filhos vivenciando um ensino mais próximo da sua realidade e vislumbrando um futuro mais promissor”, comenta.

O modelo de ensino integral tem mostrado impactos positivos no desempenho acadêmico e no desenvolvimento social dos estudantes. “Observamos que muitos não sabiam quais eram seus sonhos e objetivos para o futuro, mas começaram a traçar metas e seguir em direção a elas”, afirma o diretor.
Com a meta de que, até 2026, 50% das escolas de Ensino Médio da rede pública sejam em tempo integral e que 25% dos alunos estejam matriculados nessa modalidade, iniciativas como a do Colégio Estadual Landell de Moura representam passos significativos na transformação da educação brasileira.