Pesquisador da Embrapa avalia que o tempo apresenta médio e baixo risco no desenvolvimento da uva para a próxima safra

A análise climática da Embrapa Uva e Vinho aponta que o clima neste ano está apresentando de médio e baixo risco para o desenvolvimento da videira na região. Contudo, ainda é necessário atenção para um possível excesso de precipitações e a chance de ocorrência de geada tardia, em setembro.
Segundo informações da instituição, os índices indicam que deve haver um aumento de chuvas nos meses que sucedem o inverno, contudo, o mesmo cenário pode não se estabelecer no verão. De acordo com o fisiologista da Embrapa Uva e Vinho, Henrique Pessoa dos Santos, a previsão é decorrente do aquecimento do Oceano Pacífico, apontado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). “Quando acontece isso, pode se estabelecer um fenômeno chamado El Niño, marcado por mais chuvas aqui no sul. Tivemos, no ano passado, uma variação entre neutralidade e La Niña, que é mais seca. Quando é La Niña temos uma safra boa, Quando é El Niño temos uma safra ruim, qualitativamente falando”, explica.
Por isso, para garantir a qualidade da uva, ele afirma que é de suma importância que o verão seja seco. “A chuva pode acontecer apenas nos primeiros meses da primavera e não se estabelecer no verão. Já se espera que as médias de precipitação de agosto, setembro e outubro fiquem um pouco acima da média”, prevê.
No aspecto geral, o pesquisador aponta que o clima está dentro da normalidade, definida a partir de dados médios colhidos nos últimos 30 anos. “Junho teve 18% a mais de presença de frio se comparado ao ano passado. No geral, estamos dentro da normalidade climática em termos de acúmulo de frio e precipitação”, analisa.

O inverno e a uva

Santos explica que a uva é dependente do frio, portanto, quanto mais frio, melhor. Ele avalia que as condições do inverno estão favoráveis, na medida que dias constantes de temperaturas baixas resultam em uma qualidade superior da brotação da fruta na primavera. “Quanto mais brotação, melhor a capacidade produtiva da planta. Isso está se definindo agora, um inverno bom vai garantir mais quantidade”, aponta. Por outro lado, o pesquisador coloca que o aumento da precipitação pode impactar negativamente na quantidade.
A normal climática é de 409 horas de frio e neste ano já tivemos 240 horas. Nesse sentido, a perspectiva de Santos é de que o frio persista durante todo mês de agosto. “Um grande risco é a tal da geada tardia, que pode acontecer no início de setembro. Se tiver um frio bom, vamos ter brotação plena neste mês. Mas a geada de setembro pode queimar tudo”, alerta. Na sua avaliação, a perspectiva é de uma safra interessante para o próximo ano.