Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) identificou os comportamentos consumistas dos brasileiros de acordo com seus hábitos relacionados à utilização e à economia de dinheiro. Os resultados considerados no levantamento foram baseados nas respostas dos entrevistados, que mostraram que um terço (33%) desses consumidores compra sem necessidade, motivado por promoções, especialmente entre as classes C, D e E (35%), entre as mulheres (38%) e as pessoas de 18 a 34 anos (42%). Para economista e entidades do setor de Bento Gonçalves, a justificativa para esse comportamento é que ambas as classes se deixam influenciar mais facilmente por apelos de consumo.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Bento Gonçalves (Sindilojas), Daniel Amadio, salienta que, muitas vezes, o público das classes C, D e E são levados pela moda ou pelas tendências de momento e assim, acabam por não analisar a condição de compra. “Normalmente eles também não ponderam se está dentro do orçamento mensal, pagando altas taxas de financiamento sem se dar conta do custo embutido na compra”, comenta.

Amadio lembra ainda as consequências de comprar por impulso. “Gastos além da capacidade e falta de recurso para cumprir os compromissos assumidos, com isso as taxas de inadimplência aumentam, como está acontecendo no momento. Estamos passando por uma fase de queda da receita familiar e aumento dos preços, isso mostra a incapacidade dos consumidores em sua maioria de baixa renda e cumprir seus compromissos”, observa.

O economista Imerio Corbelini garante que o poder de compra é um desejo da população. “O ser humano, sempre almeja mudar de classe social, ou seja, “subir na pirâmide” e isto só é possível por meio do consumo e aquisição de bens. Este fator impulsiona as pessoas a comprarem, na maioria das vezes acima de seu orçamento”, garante.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/BG), Marcos Carbone lembra que a entidade não possui pesquisas que estudam o elo entre as compras por impulso e a classe socioeconômica do consumidor bento-gonçalvense, mas salienta que há uma característica que deve ser considerada nessa correlação. “As pessoas das classes C, e em maior parte, D e E, são mais expostas à comunicação publicitária massiva protagonizada por celebridades especialmente aquela motivada pela emoção, e não necessariamente pela necessidade. Ao verem seus ídolos associados a um produto, cedem ao impulso da aquisição por esse estímulo gerado pelo ícone que representa a marca”, observa Carbone.

Com relação a práticas consumistas, segundo a pesquisa, 42% dos consumidores que responderam à pergunta costumam comprar parcelado para conseguir comprar tudo o que querem, enquanto quatro em cada dez (40%) não procuram meios alternativos para economizar em saídas ou festas, como reuniões em casa ou na casa de amigos. O economista garante que é preciso ter cautela para que a população não caia na inadimplência. “Planejar o orçamento e comprar somente o que podemos pagar é fundamental. Pois o impulso leva o indivíduo a comprar acima do que pode pagar”, orienta Corbelini.

900 mil brasileiros negativados

O número de pessoas físicas inadimplentes mostrou crescimento no primeiro trimestre do ano. No final de março o número era de 59,2 milhões de consumidores brasileiros nas listas de inadimplência. Frente à estimativa de dezembro de 2016, que mostrou cerca de 58,3 milhões de consumidores inadimplentes, houve um saldo de 900 mil novos nomes nas listas de inadimplência neste ano. Os dados do indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que, em termos percentuais, 39,36% da população adulta, entre 18 e 95 anos, estão com o nome sujo.

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