Profissional, acusado de negligência em ação de bento-gonçalvense, fala sobre afastamento das acusações e consequências profissionais

Um caso polêmico e amplamente divulgado na imprensa local terminou com a absolvição do acusado em Bento Gonçalves. Trata-se de uma ação movida por uma munícipe contra o médico ortopedista e traumatologista Fernando Sanchis, acusado de erro médico após colocação de uma prótese em sua coluna vertebral. A ação judicial, que pleiteava uma indenização de R$ 100 mil, foi julgada totalmente improcedente pela Juíza Sônia Fátima Battistela, da 2ª Vara Cível, após perícias e testemunhos comprovarem que a técnica empregada no procedimento foi correta. Contudo, de acordo com Sanchis, os danos causados à sua imagem como cirurgião ainda não foram restaurados.

Na ocasião, o profissional foi acusado pela proponente do processo de participar da chamada “Máfia das Próteses”, que seria a indicação de próteses e órteses de determinados fabricantes que pagariam propina para médicos. Além disso, a autora da ação levantou a hipótese de sua cirurgia ter sido realizada sem necessidade.

De acordo com o processo vencido por Sanchis, a bento-gonçalvense afirmou na ação judicial que o médico teria esquecido um corpo estranho em seu organismo, fato direcionado a uma possível imperícia. O procedimento foi realizado em 2005, na cidade de Canoas e realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, conforme a sentença da magistrada, “o processo infeccioso sofrido pela autora decorreu da reação do organismo à cera óssea utilizada na cirurgia e não a um suposto corpo estranho esquecido em sua coluna vertebral”. No mesmo despacho a juíza lembra que “ O médico não fica adstrito a um resultado final, mas tem de envidar todos os esforços e utilizar-se dos aparatos técnicos que estiverem razoavelmente ao seu alcance. A cura do paciente não é, certamente, o objetivo jurídico da contratação, embora se coloque como finalidade primacial do atendimento prestado, mesmo porque a reação dos pacientes é particular ante tratamentos estritamente iguais; o que para um representa a cura, para outro nada resolve”.

Entretanto, dada a reverberação do caso em Bento Gonçalves e em virtude da família do médico residir no Estado, parte dela na cidade, o profissional revela que o processo e a divulgação na mídia expôs sua imagem de forma negativa, sem respaldo na realidade dos fatos. Segundo ele “a reação que a paciente apresentou não dependia do ato médico. O profissional não tem como prever ou mesmo evitar esse desfecho. Não houve falha em meu atendimento a paciente, tanto que no momento da perícia judicial este processo inflamatório já estava curado”, lembra Sanchis. A juíza rejeitou todos os pedidos declinados pela bento-gonçalvense, uma vez que não existiu culpa ou erro médico por parte de Fernando Sanchis.

Dano à imagem

O médico avalia que a ação judicial julgada a seu favor, assim como outras que responde pelas mesmas circunstâncias decorrem da intensa mídia sobre o assunto, e muitas vezes ressaltam uma postura reprovável do ser humano, a de se beneficiar-se às custas da imagem de outros. “As pessoas movem esses processos com interesses pecuniários diversos, geralmente sobre o manto da justiça gratuita e na maioria das vezes com acusações absurdas.

Lamento essa tentativa de se “vitimizar” em busca de vantagens, mas ao mesmo tempo estou tranquilo, pois sei de minha boa formação e de minhas condutas adequadas. Ao seu tempo, tudo será esclarecido”, garante.

Embora atualmente ainda haja ações contra o profissional, Sanchis reforça que, graças a sua expertise profissional e tempo de carreira, de mais de 18 anos, não há temor pelo desvelar das ações e posterior verificação de sua inocência nos processos. “ É horrível ser exposto como um mau profissional, principalmente na área da medicina, onde buscamos sempre promover o bem do próximo, mas acredito que o maior dano tenha recaído sobre meus familiares, que tiveram e ainda têm que enfrentar um julgamento moral de muitos amigos e conhecidos”, lamenta.

Para o médico, o caso reitera a necessidade e a importância em se evitar pré-julgamentos ou mesmo comentários maldosos sobre situações que ainda não foram definidas pelo Poder Judiciário, uma prática cada vez mais comum na contemporaneidade. “Que sirva de lição para que as pessoas aprendam a aguardar a justiça definir a culpabilidade e mérito ou não de quem é acusado de algo, em qualquer instância”, finaliza.