Desculpem-me meus leitores, mas terei que fugir um pouco dos assuntos relacionados ao Direito propriamente dito, porém, de qualquer forma, não deixarei de abordar direitos e deveres.

Muito tem me chamado a atenção postagens que tenho encontrado na internet, como sendo oficiais do Papa Francisco. Talvez sejam, talvez não, mas não consegui deixar de comentar e, inclusive, não consigo tirar certas coisas do meu pensamento.

Aproveito a oportunidade também porque maio é considerado o mês das noivas e o mês das mães. Noivas, mães, noivos, pais… Casamento, união estável, Civil, Religioso, família. Parecem palavras soltas, mas não são, e têm muito significado.

Sempre vemos muitas responsabilidades recaindo sobre as mulheres, principalmente as mães. O centro do universo parece girar em torno da figura materna. Embora muitos homens tenham assumido esta responsabilidade, ou melhor, dividido esta responsabilidade com suas companheiras, a palavra “mãe” ainda soa muito forte. Assim como soa forte a palavra “mulher”, ainda rondada por muito preconceito, seja em casa, no trabalho, na sociedade. A figura da mulher ainda é utilizada de forma extremamente pejorativa, seja nas novelas, nos filmes, nos comerciais de TV, nas propagandas de revistas. É um absurdo o culto ao corpo, o “querer aparecer” e, principalmente, o “querer mostrar”.

Duvido que quando se toca neste assunto venha à mente de alguém uma propaganda de cerveja com um homem andando seminu pela praia. E mesmo que esteja de sunga, o que é comum numa praia, não é visto de forma pejorativa por nenhum membro da família que esteja no sofá, assistindo tevê. Agora, uma propaganda de cerveja com uma mulher de biquíni (biquininho, na verdade), é vista de outra forma.

Nossos filhos homens aprendem desde cedo a olhar para a olhar para as mulheres com “os olhos do sexo”, do desejo. E as mulheres, muitas delas, têm caído nessa farra, nessa “brincadeira” exibindo seu corpo como se fosse um produto. E não apenas aquelas que utilizam seu corpo desta forma.

No dia 22 de abril passado, o Papa Francisco criticou os excessos de machismo que qualificam (eu diria classificam) a mulher como segunda classe e denunciou a instrumentalização e a comercialização do corpo feminino na atual cultura midiática. E então? O que vocês acabaram de ler?

Naquela oportunidade, o Papa denunciou as “variadas formas de sedução enganosa e prepotência humilhante” exercidas sobre as mulheres. Conforme o próprio Pontífice, a ideia de que Eva foi criada a partir da costela de Adão não significa inferioridade ou subordinação, mas que homem e mulher são a mesma substância e são complementares. Ele afirmou que “Deus deposita no homem e na mulher uma confiança plena mas o mal coloca nos seus corações a sombra da suspeita e da desconfiança que leva à desobediência a Deus e a destruição da harmonia entre eles”.

Como não refletir a respeito, no mundo em que vivemos, na cultura que se formou de forma injusta, nojenta, suja?

Sou quadrada talvez, antiquada, não sei. Mas cresci entendendo que os valores que adquirimos no decorrer da nossa vida nesse plano vão muito além das aparências.

Sei e entendo perfeitamente que todos temos e passamos por fases, que os quilinhos a mais incomodam, que as rugas no rosto talvez não façam parte de nós, mas fazem sim. Cuidar do corpo e da saúde é inerente ao ser humano, mas diminuir ou cultuar a aparência pode nos levar a pensamentos, sentimentos e ações que não fazem parte da natureza humana.

O preço é alto. E somos nós que estamos pagando por ele. Sim, nós. Eu, você, nossos filhos. Ou mudaremos por conta, ou o mundo nos mudará…