João e Rosa Picoli estão quase completando 100 anos de idade

João Baptista Picoli, 97 anos, nasceu em Cotiporã no dia 5 de agosto de 1925. É filho de Olivo Piccoli e Tereza Rebelatto Piccoli, neto pelo lado paterno dos italianos Domênico Piccoli e Pierina Cesaro Piccoli e materno de Fioravante Rebelatto e Maria Dalla Santa Rebelatto.

O pai de Picoli faleceu aos 45 anos, por conta disso, teve uma infância difícil ao lado da mãe e dos 14 irmãos. A família precisou mover o mundo para conseguir manter-se firme. Alguns meses após a fatalidade, nasceu o último irmão dele e 15º filho de Olivo e Tereza. “Às vezes mal tinham o que comer”, relata a filha do casal, Lorena Picoli.

Quando jovem, Picoli serviu na cavalaria de Dom Pedrito e fez parte do Tiro de Guerra, uma instituição militar iniciada em 1902 pelo Exército Brasileiro e que é, até hoje, encarregada de formar reservistas e que são estruturados de modo que o convocado possa conciliar a instrução militar com o trabalho ou estudo. “Ficou oito meses em treinamento com a cavalaria. O pelotão ia ser enviado para a Segunda Guerra Mundial, mas veio a notícia que ela havia terminado”, comenta.

Rosa Colpo Picoli tem quase 98 anos e nasceu em 23 de setembro de 1924, no interior de Dois Lajeados. É filha de Pedro Colpo e Lúcia Vezaro Colpo, neta do casal italiano Batista Colpo e Luiza Durli Colpo, Domingos Vezaro e Maria Pianta Vezaro.

Lorena conta que após o falecimento de sua bisavó materna Maria, nunca mais soube dos parentes da família Vezaro. “Nos deixa um pouco tristes, pois perdemos totalmente o contato com eles, só sabemos que foram a Santa Catarina”, lamenta.

A união

O casal se conheceu em Cotiporã no ano de 1946, através do irmão de Rosa, no trabalho de reconstrução de uma barragem que havia se rompido. “Depois disso, meu pai foi convidado para um baile de inauguração de uma casa, naquela época sempre era feito esse tipo de evento antes de fechar as paredes internas de uma residência. Foi lá que se apaixonaram”, cita.

Casaram no dia 17 de julho de 1950. Três anos depois, mudaram-se para Fagundes Varela, onde trabalharam em uma serraria e moinho. “Era tudo movido à água e realizavam o desdobramento de madeiras, a moagem era feita em molas de pedra e as torras eram puxadas manualmente, eles realizavam um trabalho pesado. Permaneceram naquela cidade por aproximadamente 10 anos e voltaram a Cotiporã”, conta Lorena.

Quando retornaram, acomodaram-se na beira do rio Vicente Rosa, na Linha Frei Caneca, local que está na família até hoje. Trabalharam por muito tempo como agricultores, plantando milho, soja, feijão, entre outros alimentos para seu sustento. “Ficaram quase a vida inteira neste local e, além de continuar com o mesmo trabalho que faziam em Fagundes Varela, aventuraram-se na agricultura. Além de cultivar, tinham suas vaquinhas e galinhas, coisas básicas de sobrevivência”, destaca.

Nessa época, os moradores das redondezas iam até o casal para moer suas farinhas e sempre eram recebidos com um prato de comida. “Às vezes as pessoas chegavam de manhã e como todo o processo de moagem era muito lento, permaneciam quase todo o dia lá. Apesar de não ter muito, minha mãe não deixava ninguém sair de lá sem comer, iam para casa de estômago recheado”, lembra.

De acordo com a filha do casal, após muito tempo neste endereço, decidiram ir para Monte Belo do Sul. “Há aproximadamente 40 anos, eles optaram pela mudança para a cidade, onde plantaram uvas e viveram duas décadas com esse cultivo”, afirma. Há poucos anos, aproximadamente no início de 2000, retornaram novamente à Cotiporã, porém na cidade e não no interior. “Estão lá até hoje, e juntos por 76 anos”, ressalta a filha.

Dessa união nasceram sete filhos: Ari, Bernardete, Carmen, Ivo, Lorena, Loreni e Remor. Além de 16 netos e onze bisnetos, com mais dois bebês a caminho.

Fotos: Arquivo Pessoal