A pressão da saudade confinada na mata em solo gaúcho entre brasileiros e imigrantes de línguas estranhas, mais a sensação de abandono e isolamento fez com que escrevessem aos conhecidos para sentirem-se vivos e ligados ao mundo que conheciam e amaram , pois a carta era então o único meio além-mar de manterem contato com os familiares e amigos.
As cartas dos imigrantes oferecem na atualidade um conteúdo histórico e uma preciosa fonte de informações sobre a viagem e estabelecimento nas terras do Rio Grande do Sul, com um linguajar às vezes rude, as cartas não possuem o aparato do conhecimento literário, pois a maioria dos colonos não eram homens letrados, mas sim de ação, e muito menos tinham um bom conhecimento histórico. Há, porém, um valor histórico em cada linha escritas por estes homens e mulheres, pois nada melhor que os próprios imigrantes para contar sua história que espelha com fidelidade os acontecimentos da vida de levas de famílias ao sul do Brasil.
São fatos históricos contados por homens de pouco estudo acostumados, na maioria, com trabalho do campo e que vieram para ver a mata se transformar em vilas, cidades até mesmo em centro comerciais e econômicos. Suas vitórias e derrotas tinham de ser descrita para que os familiares do outro lado do mundo soubessem de tudo. Jamais imaginariam que suas escritas poderiam um dia (ou que seus bisnetos alcançariam) serviria para atestar dúvidas do passado e ajudar a compreender com fidelidade a realidade dos fatos que antecederam e lhes acompanharam como legítimas testemunhas. Das cartas há fatos evidentes e outros surpreendentes. A primeira carta de um imigrante, praticamente inicia contando de como foi sua dramática viagem. Escreviam sempre sobre os benefícios e alguns assemelhavam o Brasil com o Paraíso… Relatavam suas alegrias e boas esperanças com bastante entusiasmo da mesma forma narravam sua profundas mágoas e tristezas.
Escrevia sobre a falta de amparo e auxílio do governo brasileiro, além de enfrentarem doenças, às vezes sem cura e principalmente da falta de recursos médicos em casa região. Em muitos casos nem todos os imigrantes sabiam ler e escrever. Analfabetos ou velhos, recorriam a amigos para que escrevessem cartas em seu nome. Estas correspondências possuem dados privativos e nos passa preciosos dados históricos. O que para eles era muito comum na época, hoje virou páginas históricas para nossa época.