Difícil de escapar. Pelo menos uma vez na vida três em cada quatro mulheres sentirão uma coceira desesperadora nas partes íntimas, acompanhada de ardor e corrimento esbranquiçado. Culpa do fungo Candida albicans, de longe a principal causa de infecção vaginal. Presente na superfície da pele e no trato digestivo de pessoas saudáveis, em geral ele é inofensivo até encontrar duas condições ótimas para se reproduzir: calor e resistência baixa.

No verão, a vagina fica mais quente e úmida, criando um hábitat favorável à sua multiplicação. Ainda assim, como esse tubo elástico é dotado de eficiente mecanismo de defesa, a “colônia” pode ser neutralizada. Mas quando medicamentos (antibióticos, corticoides, laxantes), infecções como uma simples gripe, má alimentação ou o stress desequilibram a flora vaginal, a candidíase invade tecidos e faz estragos. Pior é quando esses episódios vão e vêm.

Em pelo menos 40% das atingidas, as crises são recorrentes. A candidíase de repetição em geral decorre de algum hábito errado. Em vez de usar os cremes de rotina, vale a pena revisar seus hábitos com o seu médico. Segundo ginecologistas, a dieta merece destaque nessa avaliação, pois dependendo do que come, você está alimentando seu inimigo.

Fora, açúcar!

Quem é do tipo formiga tem boas razões para se preocupar. O açúcar altera o pH da vagina de modo a favorecer a proliferação dos fungos. Assim, é preciso restringir doces, balas em geral, mel e produtos industrializados adoçados, caso dos refrigerantes e sucos de fruta. E não estranhe se o desejo de doce aumentar. As diversas substâncias que os fungos produzem e liberam no processo de digestão despertam em nós a vontade de consumir os alimentos úteis à sobrevivência deles.

Mas o açúcar não é o único vilão. Outros carboidratos refinados e simples, como macarrão, pão e arroz brancos, também fazem a alegria dos fungos que causam a candidíase. Por ter digestão rápida, esses alimentos logo elevam a taxa de açúcar no sangue, daí a importância de serem substituídos pelas versões integrais, ricas em fibras.

Devagar com as frutas

Em excesso, a frutose (açúcar das frutas) pode ser nociva. Essa substância também é encontrada no xarope de milho, largamente usado na indústria alimentícia. Por isso, confira na embalagem e passe longe dos produtos que abusam desse ingrediente. Mas você não precisa abrir mão de um alimento tão saudável quanto as frutas frescas. Consuma de três a quatro porções por dia, dando preferência àquelas com baixo índice glicêmico, como morango, pera, pêssego, maçã e ameixa.

Na lista negra

É ainda mais importante você manter distância de pães (e outras massas que levam fermento biológico, caso da pizza), queijo gorgonzola, vinagre, vinho e cerveja. São alimentos e bebidas fermentados pela ação de fungos, o que pode confundir o sistema imunológico e desequilibrar os microrganismos que vivem naturalmente no intestino. Os produtos em conserva (picles e palmito), embutidos e todos os cogumelos também estimulam o crescimento fúngico e, portanto, devem ser evitados quando a candidíase entra em cena.

Mais aliados

A boa notícia é que existem alimentos com ação antifúngica comprovada, merecendo lugar de destaque no cardápio. São eles: orégano, alecrim, tomilho, alho e cebola. Procure consumi-los todos os dias, em diferentes pratos e refeições. Outras boas pedidas são as sementes de abóbora e os óleos de orégano e de coco extravirgem. A romã é mais uma aliada: prepare um suco com a polpa e as sementes.

Os lactobacilos reorganizam a flora intestinal e, por isso, também são grandes aliados contra os fungos inimigos. Esses probióticos (bactérias do bem) são encontrados em iogurtes e queijos. Esses produtos, no entanto, devem ser evitados por quem tem sensibilidade à lactose.

Folhas verde-escuras, verduras e legumes, alimentos integrais, frutas frescas, peixe, frango orgânico, raiz da chicória e alcachofra também são essenciais na dieta anticandidíase. Eles equilibram a flora intestinal deixando o ambiente menos atrativo para os fungos, ajudando a combater os sintomas.

Sementes de chia e linhaça, assim como a aveia, são úteis por outras razões: ajudam a reduzir o índice glicêmico da refeição, evitando picos de açúcar no sangue e, com isso, diminuem o risco dos fungos se manifestarem. Já as nozes, amêndoas e castanhas-do-pará reforçam as defesas do organismo contra esses e outros invasores. Porém, armazenadas de maneira inadequada, as frutas oleaginosas podem trazer fungos e toxinas que tendem a aumentar o risco de candidíase. Nesse caso, fuja delas!

Fonte: mdemulher.abril.com.br