Para o motorista que anda de carro na área central de Bento Gonçalves, ver o tamanho dos caminhões que dividem espaço das estreitas ruas da Capital do Vinho com os automóveis pode até parecer um delírio. Infelizmente, nossa cidade carece de uma legislação contundente e precisa não para proibir, mas para regrar a forma como estes veículos pesados vão circular.

Hoje, qualquer tipo de caminhão circula nas vias da área central. Alguns, mais ousados, ainda ficam trancados em locais como a rua Carlos Flores, próximo ao Senac, onde insistem em passar com “brutamontes” de cinco, seis e, pasmem, até nove eixos.
Nota-se que os caminhoneiros devem comentar, uns com os outros, que Bento Gonçalves é uma terra sem lei, onde se pode tudo. Afinal, caminhões com excesso de peso usam nossa cidade como rota de fuga da fiscalização da Polícia Rodoviária. Viajam de Passo Fundo, Nova Prata e outras cidades sabendo que Bento Gonçalves é o porto seguro dos caminhoneiros imprudentes. Aqui, pode-se tudo, ou quase tudo.

Será que falta coragem de termos uma lei como a aplicada em São Paulo, o maior centro econômico do país, onde os “grandalhões” do trânsito foram impedidos de circular? As ruas de Bento não aguentam mais tanto peso. Que a prefeitura realmente tome a decisão certa e tire a tão falada legislação do papel. Se não for assim, uma hora destas a cidade vai realmente parar, pelo menos nos horários de maior concentração de veículos em suas vias.

Até bem pouco tempo, as ruas alternativas eram uma opção interessante para quem não queria enfrentar o trânsito infernal da área central. Só que este problema, assim como um câncer maligno, vai se espalhando, e atingiu em cheio a rota de fuga tão bem utilizada pelos motoristas. A solução agora é encarar o problema de frente.

Um primeiro passo, mesmo que tímido, foi dado com a instalação das faixas seletivas para ônibus e táxis. O prejuízo de imagem do prefeito fez com que a medida fosse minimizada e ficasse apenas com os experimentos das ruas Júlio de Castilhos e Barão do Rio Branco. Nada de avanços para as temidas ruas Osvaldo Aranha e Saldanha Marinho. Tocar nelas seria, para alguns, um verdadeiro sacrilégio. Por isso, se é para retirar os caminhões da área central, que ela seja feita de forma organizada e inteligente, para que sejam evitados recuos políticos estratégicos logo ali a frente.