O aumento do número de assaltos a bancos no Rio Grande do Sul desde o ano passado, principalmente em cidades do interior, preocupa as comunidades e alerta as autoridades da segurança. A situação tem uma série de relações, desde o crescimento do crime organizado, passando pelos problemas ocasionados pela falta de estrutura das forças de segurança e reflete, também, um certo descaso das instituições bancárias, que não investem na segurança das agências e dos funcionários.

O número de ataques crescente é realmente preocupante, e as táticas utilizadas pelas quadrilhas mostram que a população é refém da insegurança. Esta semana, dois assaltos, um em Sarandi e outro em Fagundes Varela – que já havia sofrido um assalto no ano passado, monopolizaram noticiários e mobilizaram a atenção das pessoas durante dias. Funcionários e clientes feitos reféns, escudos humanos para facilitar a ação, muitas vezes simultânea em diversas agências, fugas espetaculares que acabam afetando a vida de moradores do interior, os episódios abalam rotinas e marcam vidas pelo terror e para sempre. Em Fagundes Varela, esta semana, os assaltantes fizeram policiais militares como reféns.

A ação policial, sempre parcialmente eficaz, porque não inibe os assaltos e custa a desmantelar quadrilhas inteiras, é, ainda assim, elogiável, porque conquista resultados eficientes apesar das condições do trabalho não serem as melhores. Eles enfrentam bandidos organizados, com estratégia e armamentos pesados, muitas vezes, até melhor armados que a própria polícia.

Mesmo assim, é possível crer que o número de assaltos não é ainda maior diante da ação da polícia. As mortes e as prisões, como as resultantes da operação que envolveu cerca de 120 policiais militares na perseguição aos assaltantes de Fagundes Varela, mostram uma polícia ciente de suas responsabilidades e devem inibir a ação das quadrilhas. Na ação desta semana na Serra Gaúcha, mais uma vez as forças de segurança agiram com precisão, confrontaram os assaltantes, cercaram as matas, tiraram a vida de um assaltante e prenderam outro, mas, ainda assim, três deles escaparam.

O Rio Grande do Sul ainda não figura nas estatísticas entre os estados brasileiros que mais sofrem ataques a banco, mas já não está tão longe de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Bahia, que encimam o ranking. Em grande parte, por conta da ação policial.

A escolha por localidades pequenas e frágeis do interior gaúcho aponta para um caminho sem volta, e será preciso responder com precisão, qualificando as polícias e dotando de inteligência as investigações.

Mas somente isso não basta: medidas como instalação de câmeras e sistema eletrônico de segurança adequados, portas e vidros blindados, e biombos nos bancos dificultariam as ações criminosas, e devem se tornar obrigatórios. Certamente, o descaso das próprias instituições leva ao aperfeiçoamento dos ataques.