Moradores demonstram preocupação a respeito dos paralelepípedos que, com o tempo, passam a deixar a rua cada vez mais desnivelada, causando até mesmo acidentes

O bairro recebeu este nome por conta da cantina de vinagres que ficava instalada na região, e era chamada de Pomarosa. Considerado um dos primeiros da cidade, o local não é tão grande e seus moradores são antigos. Poucas são as queixas, mas o que incomoda mesmo boa parte da comunidade é a questão dos paralelepípedos, principalmente nas ruas onde há subidas e descidas, tornando o trecho ainda mais perigoso.

Paralelepípedos desnivelados

Volmir Carlos Bochio se mudou recentemente para o local, principalmente pela proximidade de seu emprego. “Busquei por uma moradia com preços mais acessíveis e também pela proximidade com meu trabalho. Não conhecia o bairro antes, morava no São Roque, onde tinha meu apartamento, mas valia mais a pena alugar para economizar gasolina”, conta.

Volmir Bochio relata ter que mandar o carro para arrumar seguidamente por causa das ruas do bairro

Mas logo que chegou, sentiu e notou a dificuldade referente às ruas. “Seguidamente preciso levar meu carro para a oficina, tenho que sempre arrumar a suspensão por causa disso. Recentemente ocorreu um acidente de uma menina que caiu em frente ao portão porque tropeçou nas pedras que estão saltando para fora”, relata.

Para ele, não há outras reclamações senão essa, pois gosta de tudo ali. “O bairro é tranquilo, não tem o que reclamar dos vizinhos, é um lugar bem seguro, até hoje não tive problemas, e essas são as partes boas daqui. A única coisa que realmente complica é o calçamento”, reclama. Além disso, o bairro é mais residencial do que comercial, mas por ser acessível a estabelecimentos próximos, não vê problemas. “Não temos um comércio tão forte aqui, mas há duas quadras estamos no Cidade Alta, que conta com diversas lojas e mercados, por isso não nos faz falta não termos esses tipos de empreendimentos aqui. Em nosso bairro, podemos ver que o que mais existem são fábricas”, diz.

Carlos Alberto Goulart há 12 anos mora no local. Era de Garibaldi e ao se casar decidiu construir sua história no Pomarosa. “Gosto muito daqui,. É calmo e não trocaria ele por nenhum outro. Sem falar que os vizinhos todos se conhecem. Se entra uma pessoa estranha todo mundo já avisa no grupo da rua”, ressalta.

Carlos Alberto Goulart conta que não trocaria o bairro por nenhum outro

Goulart aponta algumas mudanças necessárias, já que para ele, não é somente a rua que necessita de melhorias. “O calçamento aqui é uma vergonha, o sistema de esgoto deixa a desejar, demoram para limpar a rua, a iluminação peca. Pedimos um corrimão na descida para a prefeitura, porque não tinha condição ficar sem. Muitas vezes custam vir arrumar as coisas aqui”.

Goulart aponta problemas com canos velhos de água que seguidamente estouram, fazendo com que tenham que abrir o calçamento. “Dizem que a rede é muito antiga, por isso, seguido vêm pessoas arrumar aqui. Só que o calçamento já não é bom, se ficam remendando, piora. Não precisamos de asfalto. É só deixar ele regular e não desnivelado, e se tiverem que abrir, que quando fecharem façam da forma certa”, cobra.

Maria Joana Romagna é viúva e aposentada, tem 76 anos e mora há 40 anos no local. “Ninguém se envolve com ninguém, os vizinhos são tranquilos. Há um ano invadiram minha casa, levaram nossas coisas, tivemos que por grades em tudo. Mas acredito que isso ocorra por tudo, não é algo do bairro”, completa. Ela mora com seu filho, Rafael Romagna, de 39 anos que cresceu no Pomarosa. “Era mais parecido com o interior do que com a cidade, bem mais tranquilo, muito arborizado, mas quando eu nasci já havia calçamento”, relembra.

Maria Joana viu, há pouco tempo, a filha se acidentando de moto por causa dos problemas nas ruas. “Minha guria sofreu um acidente por causa dos paralelepípedos, eles se movimentam muito, sobem e ficam irregulares. Ela estava descendo de moto, bateu num desses e caiu feio, se machucou bastante”, pontua.

Seu filho explica como ocorrem os acidentes constantemente. “Acontece muito de soltar, solta um e quando vê tem vários. Isso é algo que podiam melhorar, quando vem colocar um asfalto, ou fazer um calçamento melhor, porque nas descidas se torna muito perigoso, principalmente para quem pilota moto”, argumenta.

“Estamos perto de tudo e fora de tudo”

Claudete e Anselmo Sandrin moram há três décadas no bairro. A família de Anselmo tinha muitos terrenos no Pomarosa e todos moravam ali. “Era como se fosse colônia, nós tínhamos vacas, milhos, chiqueiro, eram poucas casas. Era a casa do meu avô, meu pai construiu a dele e eu fiz a minha ao lado. Na época ele não queria vender os terrenos justamente para ficarmos mais em família, mas agora já é um bairro, porém, não cresce mais em razão do seu espaço geográfico”, explica Sandrin, e relembra os nomes que o bairro tinha na época. “Existia uma fábrica de vinagres aqui com o nome de Pomarosa, e dessa forma o bairro adotou a nomenclatura para si. Anos atrás chamávamos de Vinagreira, justamente por conta dessa fábrica que tinha”, conta.

Para Claudete, o local dispõe com muitas qualidades, e a principal é a calmaria. “A melhor parte é estar perto de tudo, e, ao mesmo tempo, fora de tudo. Não tendo moradores que façam muito barulho, temos tranquilidade e sossego. Já passamos por episódios onde tínhamos esses vizinhos, mas há muito tempo não temos mais, agora é bem familiar”, frisa.

O casal Claudete e Anselmo Sandrin se preocupa com as bocas de lobo que estão cheias de mosquito

O casal levantou uma preocupação bem séria, já que relataram ver uma quantidade alta de mosquitos, o que se torna perigoso com os surtos de dengue que se tem no país. “As bocas de lobo estão cheias de mosquitos, fizemos reclamações essa semana, pois estava infestado. Em outros lugares está ocorrendo surto de dengue, e temos medo, porque não podemos dar brecha para a doença”, alerta. Claudete expressa o desejo pelo asfaltamento do bairro, mas pensa também no que isso influencia. “Acredito que se tivesse asfalto seria melhor, mas aumentaria o fluxo e a velocidade dos carros. Tem muitas mães que acessam aqui com seus filhos para levar em escolas ou creches, e nesse sentido o paralelepípedo traz segurança. Só que precisa ser mais bem cuidado, porque com as pedras todas desniveladas também traz inseguranças”, acrescenta.