Marias, Lucas, Ângelos, Luízas, Carlos, Ricardos, Camilas e outros tantos nomes representam algumas das crianças que são atendidas e acolhidas na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). O sorriso de cada um, a alegria quando estão realizando uma atividade, o olho brilhando a cada chegada de um visitante, mostram o quão felizes estão em um local que foi pensado e planejado para cuidá-los e dar àqueles pequenos a assistência necessária. Em Bento, a Apae este ano completa 50 anos e aproveita para unir as comemorações com o Dia Nacional da Criança Excepcional.

A Escola de Educação Especial Mundo Alegre que funciona juntamente com a Associação é coordenada pela diretora Bernadete Carraro Bertuol, que explica que as crianças podem entrar no colégio a partir dos seis anos e finalizarem os estudos aos 20. “A gente trabalha com ciclos e não com séries, pois trabalhamos com alunos que possuem deficiência intelectual moderada e acentuada. Aqui eles são atendidos por profissionais capacitados, além de receberam merenda escola e transporte gratuito”, comenta Bernadete.

Além das aulas diárias, são disponibilizadas para os alunos três oficinas: música, DanceAbility (dança para pessoas com deficiência) e ginástica artística. “São nessas atividades que eles se sentem mais realizados pelo que conseguimos perceber. Algumas meninas da ginástica se apresentam para grandes plateias, vão a outras cidades para mostrar o número de dança que aprenderam. O sorriso que elas colocam no rosto, já faz valer todo o trabalho que temos anualmente com eles”, salienta a diretora.

A socialização das crianças com deficiência e a escolaridade são os principais objetivos da Apae de Bento. “O trabalho realizado na Escola é lento, mas não tem problema. Hoje eles aprendem a letra “A”, amanhã já esqueceram, mas a professora vai e repete, sem nenhum constrangimento para eles. O ensino funciona como uma escola regular, mas tudo funciona no ritmo deles”, enfatiza Bernadete.

A diretora alegra-se quando conta que os alunos não gostam nem de sair de férias, de tão bem que se sentem na Associação. “Eles nos perguntam, mas por que férias? Queremos ficar aqui, nós gostamos daqui. Sentimos que gostam principalmente por estar acolhidos e perceberem que cada um é um aqui dentro, mas no final todos são iguais. Eles não precisam se sentirem diminuídos, ou diferentes, afinal quando se olham, percebem que as dificuldades, os medos, os anseios são os mesmos”, acrescenta Bernadete.

O afeto que os jovens que são atendidos pela Apae de Bento tem com os professores e com a diretora faz com que Bernadete repense sua vida a cada dia. “Aprendi que não posso mais reclamar, hoje sou realizada, tenho amor e carinho desses pequenos que já passaram por tantas dificuldades”, finaliza.