Falta de conscientização no descarte dos resíduos segue ocasionando ruptura de canos e alagamentos em Bento

A cena é quase sempre a mesma e em vários locais de Bento Gonçalves. Chove forte em grandes proporções para que os bueiros não deem conta da enxurrada de água. Um dos motivos e até mesmo o principal, está o acumulo de lixo que obstrui a passagem da água, e acaba ocasionando uma série de problemas como alagamentos nas vias públicas levando a inundações de casas e gera muitos prejuízos. Só ano passado, cerca de 48 toneladas foram retirados nas ruas.

Os objetos encontrados nestes locais são diversificados. Os mais comuns são garrafas pets, sacolas plásticas, restos de comida, latas e garrafas de vidro de refrigerantes e bebidas alcoólicas. Mas
há também restos de construção como concreto, argamassa, latas de tintas e outros resíduos que necessitam de um descarte correto para preservação do meio ambiente, mas que ao término das atividades são colocados com os demais materiais.

Além dos citados acima, também podem ser observados, principalmente nos bairros uma série de entulhos como calotas de carro, pneus, sofás, geladeiras, fogão, máquinas de lavar roupa, galhos provenientes do corte de árvores, folhas e entre outros. Materiais que acabam obstruindo as galerias de água pluvial e iniciam uma série de problemas para quem mora, trabalha ou passa por esses locais.

Segundo o secretário Viação e Obras Públicas, Lúcio Lanes, o número bueiros obstruídos é alto na cidade. “Por mês, em média, são 30 redes de esgoto que estão entupidos com resíduos. Como consequência, as bocas de lobo não dão conta e invadem as ruas, casas. Certamente há mais casos que a gente não tem conhecimento. Isso gera trabalho e impacta financeiramente o município. Estamos correndo para solucionar esses casos. ”, menciona.

No último ano, por exemplo, a Secretaria de Viação e Obras Públicas, responsável pela limpeza diária dos locais, retirou mais de 40 toneladas de lixo nas bocas de lobo entre o centro e os diversos bairros de Bento Gonçalves. Em média, em cada bueiro, são retirados das ruas por mês em torno de quatro toneladas de resíduos.

Conforme Lanes, alguns pontos da cidade necessitam de maior atenção das equipes de limpeza. “As ruas que não possuem calçamento nos geram mais problemas. Na grande Vila Nova, por exemplo, isso é recorrente, pela queda de brita. Mas, acontece também em outras regiões que a quantidade de lixo jogado pelas pessoas acaba parando nas boca de lobo”, aponta.

De acordo com Gilnei Rigotto, membro da Aaeco, é uma questão cultural jogar lixo no chão. “Infelizmente é algo que as pessoas fazem por falta de educação ao gerar resíduos em lugares incorretos. É preciso rever algum mecanismo que imponha multas para essas pessoas que jogam lixo nas ruas, pois se assim continuar os problemas vão aumentar. Nos resta lamentar”, comenta.

A Prefeitura dispõe de equipes que realizam o recolhimento de galhos e entulhos. Os munícipes devem solicitar o serviço pelo Fala Cidadão no telefone: 0800-979-6866.

Projeto sustentável não teve andamento na Câmara

Para prevenir os recorrentes entupimentos que ocasionam rupturas no sistema de canos e alagamentos, foi elaborada a PLO 163/2018. Porém, o projeto sustentável teve parecer desfavorável dado pelas comissões e acabou não tendo avanço na Câmara de Vereadores.

O projeto visava instalar na cidade cestos coletores de rejeitos pluviais, os chamados “bueiros inteligentes”. Esse sistema, evitaria que o lixo como folhas e demais detritos ultrapasse a caixa e acabassem entupindo os bueiros e a canalização. A limpeza é extremamente prática, considerando ainda a economia que poderia gerar aos cofres públicos em termos de manutenção da rede pluvial.
A ideia foi lançada no Legislativo no mês de novembro e após uma série de debates e leituras, acabou tendo no parecer desfavorável para a implementação, ao menos no primeiro momento.

Caso haja revisão da comissão e posteriormente em plenário tenha aprovação o passo seguinte, conforme está colocado na PLO 163/2018 será da Secretaria de Viação e Obras Públicas. O órgão terá que projetar quantos pontos seriam atendidos inicialmente, além de definir com equipe técnica a dimensão dos cestos para que suportem os detritos que ali se depositem.

A ideia sustentável e inteligente vem se espalhando por várias cidades brasileiras. Algumas regiões de São Paulo, capital, já implementaram o sistema e com resultados considerados satisfatórios. Cidades do interior paulista também colocam a ideia em funcionamento. Outra capital que começa a programar o projeto é o Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, a ideia está em debate em cidades com Igrejinha, Santa Maria e Carlos Barbosa.

Lanes, é favorável a colocação destes projetos que visam solucionar questões crônicas da cidade. Ele revela que o município trabalha em um projeto experimental. “O prefeito nos pediu que formatássemos um protótipo que facilitasse a retirada destes resíduos. É um cesto que vai para a boca de lobo e impede que invada as tubulações. Pretendemos fazer a instalação ainda neste mês”, esclarece.

Foto: Fabio Becker/Jornal Semanário