Enquanto o monte Sinabung, na Indonésia, entrava em erupção, expelindo cinza e lavas, enquanto a neve caía no Peru, apesar do verão e, no Rio, relâmpagos riscavam o céu chamuscando o Cristo Redentor, aqui, bem pertinho, nesse dia catorze de janeiro, um fenômeno da natureza humana cumpria seu ritual…
Às nove horas e cinquenta e três minutos, o anúncio “Tainá chegou!”.
A menininha de olhos azuis botou a boca no trombone assim que levou o tabefe no bumbum. Deve ter pensado: “Que malas! Me arrancam de meu abrigo aconchegante e ainda me fazem chorar! Viver dói!” (Dói, sim, garota, e tu vais chorar outras vezes. Mas também vais degustar esta vida como quem chupa pitanga, com o cuidado de não engolir o caroço. Porque tudo tem seu caroço. A questão é driblar o mundo como se fosse uma grande bola de futebol, fazer jogadas incríveis e “escolher” o Grêmio para torcer… ou o Inter, para contrariar).
Feito uma boa capricorniana, Tainá se aquietou no abraço e no afago e não demorou para buscar o seio. Menina esperta!
Seus três quilos e um pouquinho, distribuídos nos quarenta e oito centímetros de graciosidade, sacudiram os alicerces dos homens – o pai, acostumado a cavalgar redomão, e o avô… bom, o avô sempre foi chorão. Já as mulheres, porque têm lacinhos cor-de-rosa no DNA, deixaram a emoção que borbulhava extravasar…
Eu? Vou acompanhando de longe. E vejo longe… Por nada não sou a Mãe Diná… ou Mãe Dení. Sei que essa pituxinha cercada de afeto vai deixar a gente a ver navios. Pudera! Os tempos andam tão acelerados que os mais velhos perdem o fôlego ou o ritmo da corrida…
Fazer o quê! Amar, com certeza! E patrocinar smartphones centenas de vezes mais complexos e inteligentes dos de hoje, para que os pais possam acompanhar o brilho de sua estrela. E o avô… ah, este ficará na espreita, em frente à TV, para flagrar sua menina nos “rolezinhos”, exclamando orgulhoso:
_Olha a Tainá! Olha a Tainá!

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Brincando de Poesia

O PORTO SEGURO abriga naus e
acolhe o cansaço de barcos à vela
que depois retornam para o mar…
Oferece o regaço para que a alma
possa ancorar.