Comandante da corporação falou sobre a atuação do grupo, especialmente durante a enchente

Em Sessão Ordinária da Câmara de Vereadores na última semana, o Comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Bento Gonçalves, capitão Gustavo Kist, ocupou um espaço para falar sobre os serviços prestados pela corporação durante o período da maior catástrofe natural vivenciada no estado do Rio Grande do Sul e que atingiu sobremaneira cidades da Serra Gaúcha, entre elas Nova Bassano, Bento Gonçalves e Santa Tereza.

“Não é apenas uma prestação de contas sobre atuação, mas também um ato de reconhecimento pela importância da atuação de cada um, assim como dos alunos que tiveram a oportunidade de atender a pior ocorrência da história, que demandou muito esforço e abnegação de cada um dos nossos militares”, frisou o comandante.

Conforme Kist, em 2022, a guarnição atendeu a 1.672 ocorrências. Já em 2023, antes da enchente, este número já estava em 979. “Os atendimentos vêm numa crescente, não somente em números, mas em complexidade. São inúmeras rodovias, um trânsito com cada vez mais incidência de acidentes, um aumento de 300% no número de incêndios verificado nos últimos cinco anos”, afirmou.

Kist lembrou que em 14 de agosto foi realizada a entrega técnica de aproximadamente R$ 200 mil ao Corpo de Bombeiros, sendo que destes, R$ 117 mil foram provenientes de um repasse da Câmara de Vereadores. Os recursos foram aplicados na aquisição de dois motores de 30hp, um bote de 6m com casco rígido e 10 roupas de neoprene. “21 dias depois percebemos o quanto é importante investir e ter uma corporação estruturada. Os resgates só foram possíveis, devido à forte correnteza, graças ao motor de 30hp e ao bote, os quais viabilizaram que várias famílias fossem resgatadas. Os senhores não têm noção de quantas vidas foram salvas com esses R$ 117 mil. É um valor irrisório em termos de município, porém é um valor que alcançou um pai para uma família, um filho para os seus pais. Podem ter certeza que se não fossem esses equipamentos, não teríamos obtido o mesmo sucesso”, disse.

De acordo com o Comandante, os trabalhos iniciaram no dia 4 de setembro, às 6h da manhã em Nova Bassano. Posteriormente o grupo se deslocou à Linha Alcântara, em Bento Gonçalves e a Santa Tereza. “Tenho quase 10 anos de bombeiro e nunca tinha visto isso, assim como inúmeros outros colegas. Graças aos equipamentos, faço questão de frisar que conseguimos acessar todos os lugares onde fomos demandados. O motor de 15hp, que tínhamos anteriormente, não iria viabilizar os resgates. A estrutura e a compreensão dos senhores acerca de termos um Corpo de Bombeiros forte faz toda a diferença”, enfatizou.

Ainda de acordo com ele, foram 44 bombeiros atuando de forma ininterrupta durante 33 horas. “Diuturnamente realizamos treinamentos. Esperamos não atuar, mas quando atuamos, damos o nosso melhor. Os danos foram imensuráveis, catastróficos, dignos de um cenário de guerra, mas o mais importante é, que da nossa população, não tivemos perdas humanas. Certamente uma união entre os entes federativos viabilizarão a reestruturação material, mas a vida, não se busca”, conclui.

Foto: Adriano Cortes Jorge