Há muito tempo a comunidade bento-gonçalvense esperava pela sensatez do Poder Judiciário para que interditasse o Presídio Estadual. A penitenciária está em estado deplorável e as discussões sobre as precárias condições do local para abrigar os presos vêm sendo discutidas a exaustão. Perdeu-se as contas das ações do MP e também do sonho em vermos outra penitenciária sendo construída, de preferência longe da área central. Neste período, de prático mesmo, nada foi feito, salvo a Promotoria de Justiça, que ajuizou ação civil pública para interditar a cadeia do município, devido às condições desumanas de funcionamento.

O Ministério Público requer, ainda, através de liminar, que o Estado providencie a remoção dos presos provisórios para unidades adequadas e dos condenados ao sistema penitenciário. Além disso, após a remoção dos detentos, que o Executivo construa nova unidade na comarca, adequada às normas de higiene e segurança.

Uma medida necessária, mas tardia, diante da necessidade urgente que os presos ali depositados têm. Da maneira como existe hoje, a cadeia não passa de um depósito onde as pessoas – algumas delas já condenadas – ficam à espera de julgamento ou então de uma remoção que nem sempre chega, provocando a revolta e, como se viu recentemente, a rebelião.

Não são raros os casos de presos com aparelhos celulares, drogas e outros ‘mimos’ dentro das cadeias, mostrando que a fiscalização é frágil demais e precisa ser revista para que a situação dentro das casas de detenção também melhore para quem trabalha em condições igualmente degradantes. E também perigosas.

O pior de tudo é que estamos em ano político e, neste momento, não falta quem “jogue para a torcida”. Primeiro foi o prefeito que, em um espetáculo cênico impressionante, só faltou pedir para que o governador fosse apedrejado em praça pública por não ter construído um novo presídio em Bento Gonçalves. Ponto para a candidata de seu partido, será? Por outro lado, o governo do estado, rapidamente, na tentativa de acalmar os ânimos, anuncia que o projeto do novo presídio está encaminhado e que as obras iniciam em 2015. Ponto para o governador, será?

Na verdade, faltou vontade política de todos pela construção do novo presídio, isso desde o início das discussões. Afinal, tínhamos o local para construir a casa de detenção e tínhamos os recursos do governo federal para a construção. O que faltou: atitude, minha gente.

Esperaram todos os prazos se esgotarem para, depois, chorar o leite derramado. Não vai adiantar de nada querer eleger culpados. Todos contribuíram, de alguma forma, para que o presídio continuasse encalhado na área central de Bento Gonçalves. 

Incompetência, desleixo, descaso. Chamem do que quiser. De certo mesmo é que não há previsão para que uma penitenciária seja construída na Capital do Vinho. Temos é que torcer que o Poder Judiciário seja firme e mantenha a interdição do presídio, fazendo com que esta casa prisional fique fechada em definitivo. Sim, sabemos que isso é quase uma utopia, mas não custa sonhar.  Melhor sonhar com tal procedimento do que esperar que uma tragédia maior aconteça e mortes venham a acontecer, manchando de sangue o local onde está a penitenciária.