De janeiro até setembro famílias que recebem o auxílio do governo federal no município recuou de 1810 para 1386

 

A situação do programa Bolsa Família apresenta um momento paradoxal em Bento Gonçalves. Os números de beneficiados apresentam queda desde o início de 2018, ao mesmo tempo em que a procura se mantém alta, assim como o tempo de espera para uma família ser contemplada pelos recursos oriundos do Governo Federal.

Esta queda nos beneficiados está representada nos números. Em janeiro de 2018, 1810 famílias em Bento Gonçalves estavam recebendo o benefício. Neste mês de setembro, tendo como base a última atualização feita na sexta-feira, 21, o total é de 1386 famílias, queda de 426. De agosto para setembro, 53 famílias acabaram saindo do cadastro de beneficiadas. Se a análise partir do período de um ano, de setembro de 2017 para 2018, há queda de 216 famílias a menos nos cálculos do governo federal.

Os motivos para a redução são inúmeros. Um deles revelado pela Coordenadora do cadastro único da Secretaria Municipal de Habitação e Assistência Social, Adriane Lazzarotto. “Está muito ligado a disponibilidade de orçamento do governo federal para o programa. É público que houve uma diminuição para o programa e isso acaba afetando. Além disso, em julho passaram a vigorar os novos valores pagos às famílias que em média para o município é de R$155,00”, esclarece.

Três regiões da Capital do Vinho estão no topo de famílias que recebem mais benefícios. Os bairros Zatt e Ouro Verde, em primeiro, tendo em seguida Juventude e Conceição, e Eucaliptos.
Um segundo motivo está no avanço da atualização dos dados, de acordo com a secretária de Habitação e Assistência Social, Milena Bassani. “O governo nos passa uma lista de pessoas que temos que visitar ou entrar em contato para que venham até uma das três unidades do CRAS. Porém, algumas famílias se mudaram, outros esqueceram de atualizarem os dados cadastrais, o que acaba cancelando o benefício” aponta.

Milena, ainda completa. “Se a pessoa atualizar o cadastro, seguir cumprindo os requisitos, voltará a receber o benefício. Mas vale ressaltar, que é um benefício provisório e não para a vida toda”, lembra.

Inicialmente os dados das famílias eram atualizados a cada dois anos, porém, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) passou para um ano e, mais recentemente, tendo como base o cadastro único dos municípios, cruza os dados de forma mensal.

Outro motivo é a entrada das famílias no mercado de trabalho, conforme Adriane. “ Quem passa a ter renda é excluído do programa e abre possibilidade para novas inclusões”, relata.
A entrada no mercado do trabalho dos beneficiados do programa é estimulado de várias formas, de acordo com Milena. “A secretaria oferece vários cursos de capacitação aos beneficiados no programa. Tivemos uma de lance rápido em parceria com o Senac, com 15 mulheres participando. Tem cursos de informática, formação de currículo, em breve um jardinagem em parceria com IFRS” , relata

Segundo Milena, algumas empresas também abrem oportunidade . “Um supermercado que abriu recentemente teve o processo seletivo nas comunidades, com currículo e encaminhamentos para entrevistas feitos pelo setor da secretaria. Estamos buscando alternativas para as pessoas não dependam do auxílio eternamente”, afirma
O município tem objetivo claro, de acordo Milena “Se conseguirmos diminuir ainda mais o número de famílias isso será positivo, pois mostrará que o trabalho feito pela secretaria está rendendo ainda mais frutos”, finaliza.

Segundo a secretaria de Habitação e Assistência Social, mesmo que os índices de contemplados tenham diminuindo, ainda há procura para o beneficio. “Bento Gonçalves é uma cidade que tem alto índice migratório, o que ocasiona procura e famílias que acabam entrando na fila de espera. Em janeiro, foram 1000 atendimento. As vezes podemos ter 100 famílias na lista de espera, o que não significa que serão contempladas no mês seguinte e sim, quando o governo tiver esses recursos disponíveis para a inclusão”, esclarece