Índio

Lá pelos meus 24 anos eu acampava por aí e, no meio do lazer, uma das brincadeiras era subir em árvores. Apesar de bem nutrido eu subia mais alto, era campeão. Só que tinha um detalhe, qual os gatos eu não sabia descer, nesse ponto eu tinha um “que” de “gato”, não tinha medo de subir mas tinha medo de descer. Aí vinha um amigo me alcançar o ombro amigo para apoiar os pés e a gente vinha descendo. Agora leio que o índio Uruatu, em protesto a demolição do antigo museu do índio, vizinho ao estádio Maracanã, no Rio, subiu numa árvore e nem os bombeiros, atacando em quatro frentes, conseguiam tirar ele de lá, assim como eu não conseguia descer da árvore, só que os bombeiros não me socorriam.
O povo, é claro, no lado do índio, xingava os policiais e os bombeiros. De bermudas e cocar, imaginem a figura, o índio desceu com cordas, estilo rapel, colocaram ele numa ambulância e direto para a delegacia onde foi enquadrado por “desobediência”. Aí os ativistas cercaram a ambulância, inclusive o advogado do índio de nome Arão da Providência (?). Bem, de dentro da ambulância os bombeiros aspergiram spray de pimenta que atingiram os manifestantes, e o advogado do índio gritava “estão usando a força para impedir os movimentos sociais”. Pois é, se eu soubesse que na minha aposentadoria o governo me sonegaria quatro salários da minha aposentadoria, eu não teria descido das árvores quando jovem. Estaria ainda lá em cima protestando.
Detalhe: esta cena ocorreu no Brasil. Em que outro país do mundo ocorreria?