Estou aqui pensando na minha nova bicicleta – um triciclo vermelho de três rodas que comprei pela Internet, apostando na sua estabilidade e, por extensão, no meu equilíbrio. Inclusive cheguei a incentivar uma senhora que me ligou para saber se a aquisição valera a pena. “Claro, é perfeita para a nossa idade”, garanti. Só que eu ainda não tinha andado nessa bichinha teimosa.  “Desculpe, D. Maria, acho que entramos numa fria!”

Pois então. Depois de montada, lubrificada, coisa e tal, escalei a bike. Jesus Cristo! Me senti perto do céu. E olha que já fui ciclista das boas no tempo em que as bicicletas não tinham marchas, e o freio era nos pedais, e nunca, nunquinha da silva me vi naquela altitude, nem com cinco anos, quando eu andava numa Caloi Fiorentina de adulto.

Resolvi testá-la melhor num espaço plano e isolado, longe de olhares curiosos, vigiada apenas por meia dúzia de cachorrinhos estridentes de uma mesma residência. PQP! A danada tem vontade própria. O guidão domina minhas mãos e meu cérebro, não obrigatoriamente nessa ordem. Fico totalmente à mercê do seu humor. Ora ela me empurra para o mato, ora me manda para o cordão da calçada, faltando um fio para eu cair lá de cima.

O leitor deve estar se perguntando se comprei um triciclo mesmo ou um guindaste. A questão é que a altura vai se tornando uma coisa muito subjetiva, pois muda de parâmetro à medida que o tempo passa… Assim, meio metro acima do chão pode ter o impacto do Pico da… Pandemia.

Mas, voltando à tese inicial, o incidente me deixou encucada. Como não sou de deixar passar fenômeno mal resolvido, busquei respostas. E olhem o que descobri!

De acordo com a teoria de alguns cientistas, a consciência não é privilégio dos humanos, não surgindo simplesmente dos processos neuroquímicos do cérebro. Ela teria uma origem mais profunda e primordial intrínseca ao Universo. Coisas da física quântica, que pesquisa em escalas moleculares, atômicas e nucleares (Nossa! É de fundir a cuca).

Então, se as estrelas e afins têm uma “protoconsciência universal” podendo deliberadamente controlar seus caminhos, meu triciclo também pode estar enquadrado na categoria de entidade pensante, ciente do ambiente que o cerca, no meio do qual eu me encontro. Ou então ele incorporou um fantasma, que decididamente implicou comigo. Quer me derrubar. Mas eu vou domá-lo, ou troco de nome… Que tal Penélope Charmosa?!