Eles certamente não eram nascidos na época em que as vias urbanas serviam de pista para intrépidos competidores desafiarem os limites da velocidade atrás do volante de suas carreteras – escrevendo a história do período conhecido como um dos mais românticos do automobilismo nacional. Mesmo assim, estudantes de diversas escolas gaúchas estão tendo a oportunidade de viajar no tempo, até as décadas de 1950 e 1960, e descobrir como eram as emocionantes corridas de rua no Brasil – percorrendo as páginas do livro ‘Aristides Bertuol, o piloto da carretera número 4′.

A obra conta a história do esporte no país por meio do resgate da trajetória de Aristides Bertuol – um dos mais bem-sucedidos competidores daquela época. Lançada em novembro do ano passado, a publicação ganhou visibilidade na cidade natal do piloto, o município de Bento Gonçalves, e projeção estadual durante a Feira do Livro de Porto Alegre. Agora, chega a diversas escolas de cidades da região: Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Farroupilha, Caxias do Sul, Garibaldi, Carlos Barbosa, Veranópolis e Bento Gonçalves, além de estar disponível para consulta em várias bibliotecas públicas no Estado.

No total, 700 exemplares foram gratuitamente colocados nesses pontos para consulta da população dessas comunidades – um exercício que socializa as informações inéditas reunidas naquela que é a primeira biografia de um piloto natural do Rio Grande do Sul. Os fãs do automobilismo que quiserem guardar o registro desse período emblemático também podem adquirir o livro, com valor a partir de R$ 90, com venda online pelo site www.classicshow.com.br

Para conhecer a história

O livro ‘Aristides Bertuol, o piloto da carretera número 4′ combina entrevistas, registros escritos e um acervo fotográfico inédito, reportando fatos curiosos sobre o período glorioso das corridas de automóveis em estradas de chão, nas décadas de 1950 e 1960. A publicação também traz o resgate informativo de cada uma das 60 provas disputadas pelo piloto durante sua carreira, suas principais conquistas e passagens emblemáticas que lhe renderam o título de ‘ás do volante’.

O trabalho de pesquisa é de Gilberto Mejolaro, com textos do jornalista Fabiano Mazzottti.Com prefácio de Emerson Fittipaldi, primeiro brasileiro campeão mundial de Fórmula 1, bicampeão dessa modalidade e das 500 milhas de Indianápolis, transforma-se em um presente para os apaixonados pelo automobilismo. O livro é um projeto financiado pelo Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet, com patrocínio de Bradesco, Geremia Redutores, Vinícola Salton e Meber Metais.

Sobre Aristides Bertuol

Aristides Bertuol participou de 60 corridas em sua carreira automobilística. Sua estreia nas pistas ocorreu em 26 de setembro de 1948, na Copa Rio Grande do Sul. Pilotando uma carretera identificada com o numeral quatro, Bertuol fez história no universo da velocidade. Com um Chevrolet 1939, conquistou aquelas que eram as principais glórias do automobilismo na época, como as Mil Milhas Brasileiras em 1957. Ele levantou taças de campeão gaúcho e estabeleceu recordes, como no II Grande Prêmio Automobilístico Getúlio Vargas, em 1951: venceu uma etapa, percorrendo 396 quilômetros em 2 horas e 56 minutos, com a incrível média de velocidade de 133 km/h. Essas performances lhe renderam apelidos como “Intrepidante Aristides Bertuol” e “Às do volante”. Ele foi, também, vencedor do circuito da Boa Vizinhança em 1951 (corrida que aparece no filme); em 1952 ganhou o Grande Prêmio no autódromo de Interlagos, com uma Maserati, carro do Grand Prix de Fórmula 1 e em 1957 foi Campeão Gaúcho de carretera na categoria Força Livre. Seu nome está eternizado em rodovias, estádio de futebol e pista de kart, além de ser, hoje, sinônimo da mais alta condecoração outorgada em Bento Gonçalves – a ‘Medalha Aristides Bertuol’.

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