Os números são animadores. Enquanto atinge a menor taxa de mortalidade infantil da sua história, a marca atinge uma média de 10,1 a cada mil nascidos. Entretanto em Bento Gonçalves, são preocupantes pois caminham no sentido inverso das taxas do Estado. O Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI) aumentou relativamente. Em 2013 era 8,2; em 2014 9,3 e em 2015 ficou em 9,4. Os cálculos são feitos trianualmente e para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esse acréscimo pode ser resultado do aumento do número de inseminações artificiais.
Para psicóloga da Secretaria Municipal de Saúde, Karina Preisig Paggi, o que está ifluenciando este aumento é a prática elevada de inseminação artificial. “Uma gestação feita por técnica de reprodução assistida, é uma gestação de alto risco e quando ela não tem um desfecho satisfatório, os bebês não nascem bem, o óbito geralmente não é de apenas um, mas de dois e as vezes até três bebês de uma só vez”, afirma.

Quando questionada sobre a que se concediam os números de 2015, Karina ressalta que a maioria dos óbitos foram neonatais (quatro primeiras semanas de vida) , e que esta é uma situação que vem se repetindo ao longos dos anos. “As mortalidades “pós natais” indicam maior falha na assitência à saúde, já que mostram que as crianças de 2 meses a 1 ano, ao apresentarem doenças (geralmente infecciosas), não tiveram acesso ao atendimento básico. Além de que, a mortalidade “neonatal” (primeiro mês) e neonatal precoce (1 a 7 dias após o parto) é indicador de problemas relacionados ao pré natal e às gestações de risco. As gestantes que perdem bebês (tanto perdas fetais como principalmente óbitos neonatais) geralmente não possuem ou possuem poucas consultas de pré-natal, apresentam uma série de condutas de risco envolvendo infecções, problemas de saúde mental e dependência química. São pessoas que não acessam o sistema de saúde como deveriam”, salienta a psicóloga.

Além destas situações, há também, segundo Karina, mortalidades que são consideradas inevitáveis, que ocorrem por malformações congênitas como por exemplo cerebrais e cardiológicas. “Em Bento Gonçalves temos uma organização de assistência à saúde que apresenta alguns diferenciais no SUS: temos uma unidade de atendimento de gestantes de alto risco: o Centro de Referência Materno Infantil, lá as gestantes são atendidas por médicas gineco-obstetras e uma equipe multidisciplinar. Temos também um serviço especializado que acompanha gestantes com HIV/AIDS. A Secretaria Municipal de Saúde mantém em funcionamento o Comitê Municipal de Mortalidade Materna e Infantil e o Grupo Condutor Municipal da Rede Cegonha (programa qualificação da linha de cuidado materno-infantil). Esses grupos analisam os óbitos e identificam problemas possíveis de serem resolvidos no nível da assitência pré natal, assistência ao parto e acomapnhamento da criança. Muitas ações são desenvolvidas e os coeficientes de mortalidade são monitorados sistematicamente”, finaliza.

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