Primeira edição do evento havia ocorrido em Porto Alegre há 30 anos; Presidente do Conselho comenta sobre a necessidade de interiorização do debate sobre a cultura

Após 30 anos do primeiro encontro, que ocorreu em Porto Alegre, Bento Gonçalves sediou nessa semana o II Congresso Estadual de Cultura. O evento serviu para definir as diretrizes da política cultural do Rio Grande do Sul, além de representar a busca do Conselho de interiorizar os debates culturais que, de acordo com o presidente do órgão, sempre ficaram muito centrados na região metropolitana.
O Poder Público de Bento Gonçalves interpreta o momento com orgulho, visto que o encontro é compreendido como um marco histórico. Outra questão levantada é de que o Congresso auxiliou os artistas bento-gonçalvenses a expandirem os limites da cultura local para outras cidades e regiões do estado.
No encontro, ocorreu o painel do coordenador de artes visuais do Uruguai, Alejandro Denes, com o tema “da Revolução à Institucionalidade”. De acordo com ele, garantir o acesso à cultura para toda população é um dos principais desafios enfrentado na atualidade. “Brasil e Uruguai tiveram ditaduras que significaram um retrocesso muito grande. A saída desses períodos também geraram uma revolução na cultura, isso se traduz em novas institucionalidades”, analisa.
Ele afirma ainda que qualquer pequeno movimento, por exemplo a criação de uma biblioteca pública ou de um sistema de teatros, significa uma revolução. “Nós temos pequenas revoluções através da institucionalidade. Assim estamos construindo cultura em nossos países”, aponta.
Sua percepção acerca de Bento Gonçalves foi positiva. Segundo ele, a primeira impressão foi de entrar em uma cidade limpa e bem organizada. “Nós, do Uruguai, temos muito a aprender com o que vocês estão fazendo com a marca Bento Gonçalves proferida aos vinhos e à cultura”, observa.
De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Cultura, Marco Aurélio Alves, o Congresso define o regramento, estrutura e os próximos passos das políticas culturais do Rio Grande do Sul. “É importante que se tenha como base que o fundamental é assegurar a diversidade na vida de cada pessoa, que cada um alcance uma forma de viver bem, entendendo a sua condição, alterando aquilo que nao lhe faça bem e provocando mudanças em seu entorno”, comenta.
Ele ainda justifica que quando se pensa em cultura, não se pode simplesmente considerar manifestações artísticas, mas, manifestações de vida, como algo mais amplo. “Entendo que as grandes ações da cultura estejam no interior do Rio Grande do Sul. Todas as nossas ações são no interior, porque nos parece que nos últimos 49 anos as políticas públicas estiveram muito fixadas na capital”, afirma.
Para o secretário de Cultura de Bento Gonçalves, Evandro Soares, o Congresso ocorrer no município demonstra a preocupação do Conselho de interiorizar o debate cultural. “Sendo este o segundo evento realizado após 30 anos, por alguns dias Bento Gonçalves se tornou a capital gaúcha da Cultura. Fica como um marco histórico”, comemora. Soares comenta que o encontro foi essencial para projetar as políticas culturais do estado e para a classe artística local conhecer e expandir sua obra.