Outubro é marcado por duas importantes ações. A Campanha Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita”, realizadas como forma de alertar a população para a prevenção e principalmente para o tratamento. O alto número de pessoas infectadas está em constante crescimento em todo país e preocupa os profissionais voltados para a área da saúde.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sífilis atinge mais de 12 milhões de pessoas no mundo todo. No Brasil, dados do Boletim Epidemiológico da Sífilis 2018 revelam que a taxa de detecção da aumentou de 44,1 para cada grupo de 100 mil habitantes em 2016 para 58,1 casos para cada 100 mil pessoas em 2017.

Em 2010, ano em que os serviços de saúde de todo país passaram a ser obrigados a notificar os casos de sífilis para o Ministério da Saúde, foi registrado aumento de quase 480 mil novos casos de pessoas infectadas.

Capital do Vinho

Em Bento Gonçalves, o cenário também é desafiador. A enfermeira da Vigilância Epidemiológica do município, Letícia Biasus, afirma que a cidade está vivendo uma epidemia de sífilis. “Não é mais surto porque surto é bem localizado, delimitado e não é o caso. Os números são crescentes e isso já é uma realidade. A gente vai fechar esse ano com mais casos do que no ano passado”, afirma.

Letícia Biasus, enfermeira da Vigilância Epidemiológica do município

De acordo com as informações do município, desde 2014 a cidade está registrando expressivo aumento do número de sífilis em adultos, gestantes e congênita. Em 2013 por exemplo, foram 34 casos. Em 2014 o número saltou para 125 ocorrências de pessoas infectadas, sofrendo elevação de 267% ao todo. Em 2018 o número de pessoas com sífilis em Bento foi de 369 ao todo. Esse ano, até o momento, 339 casos. Confira na tabela o número total de pessoas infectadas conforme o ano.

A coordenadora do Serviço de Atendimento Especializado (SAE) e do Centro de Testagem e Acolhimento (CTA), Adriana Cirolini afirma que com a incidência dos números, algo precisa ser feito. “A sífilis é um conjunto, não dá só em adultos, essa até é mais fácil de tratar, a questão é a sífilis em gestantes, a congênita que acaba gerando problemas, então há necessidade de estarmos alertando sobre esse assunto”, aponta.

Adriana Cirolini, coordenadora do SAE e CTA de Bento

Forma de contagio e tipos de sífilis

A forma mais comum de contaminação da sífilis é durante a relação sexual desprotegida, ou seja, sem o uso de preservativo com alguém infectado. A sífilis pode ocorrer em adultos ou pode ser considerada congênita, que segundo a coordenadora Adriana, é quando ocorre a transmissão da mãe para o filho. “Nasce pela falta de tratamento na gestação ou pelo tratamento inadequado, por isso a importância de um pré-natal organizado, de consultas básicas que são feitas para prevenir a sífilis congênita”, alerta.

Diagnóstico:

De acordo com a coordenadora Adriana, para ter o diagnóstico é realizado o chamado teste rápido, que é um furo no dedo e o resultado fica pronto em dez minutos. Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município realizam esse serviço. “Dando positivo, precisamos de um segundo exame de laboratório. Quando é em gestante a gente nunca perde tempo em já aplicar a penicilina, mas se não está grávida, ainda tem a possibilidade de fazer a coleta laboratorial e fazer o agendamento, não tem urgência, mas a gestante sempre tem que olhar com necessidade de atendimento e tratamento para logo”, esclarece.

Tem cura?

Adriana ressalta que quando tratada, a infecção pode ser curada, mas a coordenadora alerta que a sífilis não produz imunidade. “Se a pessoa tiver relação desprotegida, pode se infectar de novo. É possível se reinfectar várias vezes ao longo da vida, por isso a importância do uso do preservativo”, destaca.

Ainda de acordo com Adriana, o uso de um antibiótico chamado Penicilina é considerado como a melhor opção para realizar o tratamento do paciente infectado, principalmente nas gestantes. “Para gravidez é a melhor escolha porque é a única que entra pela placenta e vai no bebê, evitando que ele nasça com sífilis. Os outros medicamentos não fazem isso”, comenta.