Por meio de sistema de tecnologia inédito, desde quarta-feira, a Capital do Vinho se tornou a primeira cidade do país a atender chamadas diretas do Samu, o que permite maior agilidade no tempo de resposta do serviço       

Cerca de um minuto e meio. Esse foi o tempo decorrido entre a ligação recebida pela Central de Regulação da base do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Bento Gonçalves e o acionamento da equipe de socorristas, em uma simulação feita durante a cerimônia de apresentação do sistema de Regulação Remota do Samu, no salão Nobre da Prefeitura, na quarta-feira, 30. Embora tenha parecido ágil, esse processo promete ser ainda mais rápido em situações reais — uma vez que, houve um pequeno atraso por falha dos auto-falantes, conectados para que todas as autoridades presentes pudessem escutar a conversa simulada. A perspectiva é que, na Capital do Vinho, o tempo entre o atendimento da chamada telefônica e o deslocamento da unidade ocorra em menos de um minuto.

Com a Regulação Compartilhada, desde quarta-feira, todas as chamadas realizadas pelo 192 na área de abrangência de Bento, deixaram de ser concentradas na Central, em Porto Alegre, e passaram a ser direcionadas para a regulação direta da base bento-gonçalvense. Mais que a agilidade no atendimento da chamada, o tempo de resposta do Samu também será agilizado no deslocamento até a cena. “Os médicos daqui vão atuar como se estivessem dentro da Central de Regulação do Estado, usando a infraestrutura, o sistema e os funcionários da regulação estadual, mas quem vai dar o atendimento é o médico de Bento, que conhece a cidade, que se localiza melhor e que sabe das alternativas de atendimento que se têm aqui”, explica o diretor do Departamento de Regulação Estadual, Eduardo Elsade.

O fato também foi destacado pelo prefeito Guilherme Pasin (PP), o qual assinalou as especificidades culturais do município, que fazem com que o atendimento feito por um médico regulador local possa ser mais assertivo. “Quando se liga para um serviço de emergência, a própria angústia e a preocupação, muitas vezes dificultam a comunicação até mesmo de onde a vítima está. Esses sistemas que estão sendo disponibilizados permitem que solucionemos situações assim, pois o médico daqui entende melhor nosso dialeto, interpreta melhor os lugares e isso pode salvar vidas”, destaca.

Outra novidade do sistema, já em funcionamento, é um aplicativo de celular que permite que os gestores municipais acompanhem, em tempo real, todos os atendimentos de urgência e emergência que estão sendo feitos no seu território.

A estrutura de Bento Gonçalves está programada para funcionar todos os dias, das 7h às 19h. A partir desse horário, as ligações serão direcionadas à capital gaúcha como ocorriam antes. Da mesma forma, caso o médico regulador local já esteja atendendo um chamado, a ligação é direcionada a Central evitando que os pacientes fiquem desatendidos.  O recurso para o município manter a estrutura da Central Acessória de Regulação Remota será de R$ 3 mil mensais. Em comparação, o custo para implantar uma Central de Regulação própria na cidade seria de R$ 400 mil.

Cada minuto importa

Se no dia a dia um minuto pode soar insignificante, em situações de emergência pode ser uma questão de vida ou morte. Nesse sentido, o secretário municipal da Saúde, Diogo Segabinazzi Siqueira, destacou a importância do serviço de Regulação Compartilhada na diminuição do tempo de resposta do Samu. “A chance de sobrevivência de um paciente que teve um infarto ou parada cardíaca, por exemplo, diminui 10% a cada minuto que passa. Se o paciente ficar cinco minutos na linha, esperando o descolamento da UTI móvel, ele vai ter 50% a menos de chances de sobreviver ou de não ter sequelas. Esse sistema tem que ser rápido. E por isso, vamos ter essa agilidade aqui”, exalta.

Em concordância com Siqueira, durante a cerimônia, a secretária da Saúde do Rio Grande do Sul, Anita Bergmann, também destacou que o maior ganho da tecnologia é a agilidade no atendimento. “Para quem está numa cena de urgência e emergência, independente da gravidade, 30 segundos é uma eternidade”, finaliza.