O ano começou com saldo positivo no índice de empregabilidade em Bento Gonçalves, porém, o indicador pode representar apenas uma recuperação momentânea do cenário de recessão, comum no inicio do ano. De acordo com dados da carta mensal de trabalho formal, divulgada pelo Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), o saldo acumulado do ano é de 163 novos postos de trabalho, no município, em janeiro.

O resultado é calculado a partir do número total de vagas disponibilizadas subtraído do número de vagas fechadas. Por isso, o setor que mais abriu novos empregos foi o da Indústria de Transformação, com 169 novas oportunidades disponibilizadas, seguido pelo setor de Serviços, com 33 novos vínculos empregatícios. Os setores que mais fecharam postos de trabalho foram o de Comércio, com 26 vagas fechadas e de Construção Civil, com 16 postos de trabalho a menos.

A professora da UCS e coordenadora da pesquisa, Lodonha Coimbra Soares, explica que o número elevado de demissões no comércio é resultado das contratações temporárias que ocorrem no período do Natal, quando o movimento das lojas se intensifica. “Os contratos temporários também foram menores do que o previsto”, observa.

Na opinião da coordenadora, em janeiro sempre costuma haver mais contratações em função de uma série de fatores, mas o crescimento na disponibilidade de empregos precisa ser constante para indicar, de fato, uma melhora na economia. “É necessário gerar uma curva de tendência na economia de pelo menos três meses. Se fevereiro e março permanecer nos mesmos patamares, aí podemos afirmar que existe a tendência da retomada.”, analisa.

Lodonha ainda afirma que o número de empregos disponíveis no mercado é o primeiro indicador cortado e o último a ser reativado em uma crise. “A atividade econômica puxa o vínculo de empregos. Antes é necessário retomar a confiança da economia para as empresas voltarem a contratar”, explica.

Apesar de a Indústria de Transformação puxar o crescimento no número de vagas, também foi o setor que mais encerrou postos de trabalho, com 811 vinculos fechados ao longo de 2016. O saldo acumulado no ano é de 1.680 vagas encerradas. “A Serra Gaúcha sofreu muito com a crise, que afetou principalmente Bento e Caxias, onde o setor da indústria de transformação é importante para empregabilidade”, comenta.

No Rio Grande do Sul, em janeiro, foram abertos 8.134 postos de trabalho, sobretudo nos setores Agropecuária e Indústria de Transformação. De acordo com Lodonha, as 4.308 novas vagas da Agropecuária são reflexo da supessafra de grãos. Em contrapartida, os setores que mais fecharam postos de trabalho foram o de Comércio e Administração Pública, respectivamente, com 2.101 e 510 vínculos encerrados.

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