Segurança, belezas naturais e receptividade são características marcantes para os que vem de fora

Bento Gonçalves, a Capital Nacional do Vinho, é uma cidade em constante desenvolvimento. A qualidade de vida, para quem nasceu no município ou escolheu viver aqui, é um dos principais fatores que contribuem para o bem-estar da população.

A funcionária pública aposentada e diretora do 12º Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS) Sindicato, Juçara de Fátima Borges, conhece Bento desde a infância. Apesar de ser catarinense de nascença, ela é bento-gonçalvense de coração. “Com quatro anos eu já vinha com meu pai vai visitar a irmã dele, que era minha madrinha. A gente ficava no hotel ali na entrada da cidade, perto do posto, próximo aos dos arcos da Fenavinho. Agora é uma casa antiga, de dois andares. Naquela época era de madeira”, lembra.

Das viagens de Lages, Santa Catarina, para a Serra Gaúcha, Juçara recorda a localização da casa da tia. “Minha madrinha morava no Centro, na rua General Gomes Carneiro, numa casa muito antiga. Meu pai ficou viúvo e a gente veio morar aqui, nossa primeira residência foi em uma casa antiga na escadaria da Escola Bento, onde agora construíram um prédio. Inclusive eu fiz meu Ensino Fundamental lá”, conta.

A vinda para a Capital do Vinho foi em 1964, há 57 anos. Após fazer parte de mais de um terço da história da cidade, a professora lembra de detalhes enriquecedores. “Estou em Bento ainda do tempo do 1º Batalhão Ferroviário, do primeiro transporte coletivo que tinha do São Roque para o Centro, que era uma kombi azul”, salienta.

Para ela, acolhedor é um adjetivo que descreve bem o município que escolheu para viver. “Tem locais muito bonitos e pessoas com espírito de progredir, a exemplo das ideias futuristas do seu Tarcísio Michelon. O turismo que ele implementou ajudou e muito a cidade crescer e ter o status de uma cidade turística”, afirma.

Juçara constituiu família em Bento
Foto: Arquivo pessoal

Locais como os bairros Santa Marta e Santa Helena são praticamente de pessoas que vieram trabalhar, principalmente por ser polo moveleiro e industrial. “O pessoal que é de outros municípios, de outras regiões do estado, vem porque têm oportunidade de emprego. Então Bento também, nesse lado, faz com que as pessoas queiram avançar, crescer”, frisa.
Para a educadora, a cultura trazida pela colonização é uma das principais propulsoras de tal receptividade. “O italiano é muito família, um se preocupando com o outro, uma coletividade que faz com que a cidade, mesmo crescendo, ainda continue com aquele ar de interior, onde não tem muita poluição e a qualidade de vida é o que a torna cativante”, ressalta.
Sobre a questão da segurança, Juçara afirma que já teve épocas melhores, mas ainda dá para andar nas ruas tranquilamente. “Na medida que o lugar vai crescendo, os problemas também crescem. Mas é pacata comparada às grandes cidades, ainda dá para caminhar no centro com a bolsa sem correr o risco de ser assaltada. Lógico, que hoje em dia a gente não pode mais deixar portas e janelas abertas, como antigamente”, opina.

Relevo do município é um diferencial

O que diferencia Bento Gonçalves de outros lugares são as paisagens. “Acho que como o relevo da nossa cidade no interior, as paisagens maravilhosas e lindas dos parreirais, não se encontra igual. Provavelmente tem parecido fora do Brasil, mas igual aqui não existe”, acredita.

Outra singularidade local é o formato do Rio das Antas, onde se pode visualizar uma ferradura. “São paisagens únicas que provavelmente nem nós, que moramos aqui há anos, nos acostumamos. Às vezes a gente se surpreende com uma foto que alguém posta”, destaca.

As boas lembranças fazem com que a aposentada fique com saudade de coisas boas, que já passaram. “Seria tão bom se reativassem os trens, porque a gente tem túneis lindos na nossa região, são coisas que poderiam voltar”, argumenta.

Beleza natural e grandes possibilidades

Lilian e Willames aguardam a filha, Louíse para desfrutar dos benefícios de viver em Bento
Foto: Arquivo pessoal

A estudante de Arquitetura e Urbanismo, Lilian Gonçalves Borges, afirma que gosta de morar em Bento por causa do clima que o município proporciona. “É uma cidade pequena com possibilidades de cidade grande, a beleza natural é encantadora, a limpeza e organização dos espaços públicos são algo que nos faz únicos em nosso país. Um local que tem as estações do ano muito bem definidas e, às vezes, todas em um mesmo dia. Eu amo Bento Gonçalves, pois é o lugar onde cresci e escolhi para que minha filha que ainda está no ventre possa crescer”, afirma.

Capital do Vinho é considerada cidade com alto desenvolvimento

Em dezembro de 2020, foram divulgados os números do Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese) do Rio Grande do Sul. O estudo apontou o crescimento da Educação, Renda e Saúde nos anos de 2017 e 2018.

Entre as 497 cidades do estado, nenhuma apresentou nível baixo de desenvolvimento socioeconômico. No total, 455 municípios gaúchos (70,72%) são considerados de desenvolvimento médio, com índices entre 0,500 a 0,799. Nos outros municípios, 42 (29,28%), a população vive em condições de desenvolvimento alto, com índice acima de 0,800. Bento Gonçalves ficou bem classificada, sendo a primeira colocada entre as cidades com mais de 100 mil habitantes, seguida por Caxias do Sul, em segundo, e Porto Alegre, em terceiro.

Cidades gaúchas com melhores índices de desenvolvimento, segundo o Idese

Municípios com mais de 100 mil habitantes:
  1. Bento Gonçalves – 0,834
  2. Caxias do Sul – 0,823
  3. Porto Alegre – 0,823
Municípios de 20 mil a 100 mil habitantes:
  1. Carlos Barbosa – 0,885
  2. Veranópolis – 0,863
  3. Garibaldi – 0,831

Foto em destaque: Arthur Davi, divulgação