Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social nos 5.570 municípios brasileiros e no Distrito Federal com base na declaração do Imposto de Renda das pessoas físicas, do ano passado, coloca Bento em destaque na distribuição de renda

Qual a cidade que tem a melhor distribuição de renda, em todo o país? E qual a que tem a menor renda mensal, por pessoa? Esta e várias outras respostas estão no estudo “Onde estão os ‘ricos’ no Brasil?” realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social e divulgado no começo deste mês pela entidade. Coordenado por Marcelo Neri, PhD em Economia e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e ex-ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República até 2015, o levantamento abrange todos os 5570 municípios dos 26 estados do Brasil, além do Distrito Federal.

Para chegar ao rendimento médio do brasileiro o trabalho dos técnicos da FGV levaram em conta as declarações do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) do ano passado, em cada um dos municípios. A riqueza declarada foi somada conforme a unidade da federação e dividida pela população total desta unidade (município, estado ou do país, conforme o ranking) independente da idade, dos recém-nascidos aos mais idosos. Os resultados apontam para as mais elevadas rendas por pessoa até as mais baixas, e indicam inclusive a região do Brasil na qual a distribuição da riqueza tem valores mais elevados.

Bento Gonçalves e região

Segundo o relatório apresentado pela FGV, Bento Gonçalves tem a melhor distribuição de renda entre os municípios mais próximos da região, está na quarta colocação no Rio Grande do Sul e ocupa a 35ª posição no ranking nacional. No município, habitado por 120.454 pessoas de acordo com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2019, a distribuição da renda contempla cada um dos moradores com R$ 2.201,58. Esse valor só fica atrás da capital, Porto Alegre (R$ 3.725,15), e cidades menores como Nova Petrópolis (R$ 2.646,64) e Colorado (R$ 2.331,66), cidade berço da lavoura mecanizada, no Norte gaúcho.

Entre os 10 maiores municípios com melhor distribuição de renda média mensal do Rio Grande do Sul ainda aparecem, da região, Carlos Barbosa, na sexta colocação, e Garibaldi, na nona, respectivamente com R$ 2.178,53 e R$ 2.248,01. Já Caxias do Sul, com seus mais de 500 mil habitantes, só aparece no ranking estadual na 13ª posição com uma média de R$ 1.996,67. No âmbito nacional, Caxias figura na 58ª colocação. A vizinha Farroupilha é a 24ª cidade do Rio Grande do Sul e a de número 103 em todo o Brasil, com renda distribuída, em média, de R$ 1.747,14.

De acordo com o cálculo da FGV Social sobre os dados de rendimentos declarados no Imposto de Renda, divididos pelo total da população, a capital brasileira com maior renda por habitante é Florianópolis, com R$ 3.998,00 mensais, seguida por Porto Alegre e Vitória. Apenas depois vem São Paulo (4º), Curitiba (5º), Brasília (6º) e o Rio de Janeiro (7º). Quando a análise é sobre cada uma das 27 unidades da Federação, o eixo Distrito Federal-São Paulo-Rio de Janeiro assume o topo do ranking, nesta ordem.

10 maiores no estado

Município — Renda — Posição média (R$) RS — Posição Brasil
Porto Alegre — 3.725,15 — 1 — 8
Nova Petrópolis — 2.646,64 — 2 — 23
Colorado — 2.331,66 — 3 — 31
Bento Gonçalves — 2.201,58 — 4 — 35
Santa Maria — 2.182,70 — 5 — 36
Carlos Barbosa — 2.178,53 — 6 — 37
Gramado — 2.174,97 — 7 — 38
Não-Me-Toque — 2.150,49 — 8 — 39
Garibaldi — 2.248,01 — 9 — 40
Lajeado — 2.135,99 — 10 — 41

10 menores no estado

Município — Renda — Posição média (R$) RS — Posição Brasil
Redentora — 233,27 — 488 — 3.553
Lagoa Bonita do Sul — 232,95 — 489 — 3.554
Lagoão — 232,56 — 490 — 3.557
Chuvisca — 230,74 — 491 — 3.572
Tunas — 219,28 — 492 — 3.642
Amaral Ferrador — 219,19 — 493 — 3.644
Barão do Triunfo — 218,09 — 494 — 3.656
Mampituba — 192,08 — 495 — 3.865
Lajeado do Bugre — 184,06 — 496 — 3.936
Monte Alegre dos Campos — 169,03 — 497 — 4.072

Maiores na região

Município — Renda — Posição média (R$) RS — Posição Brasil
Bento Gonçalves — 2.201,58 — 4 — 35
Carlos Barbosa — 2.178,53 — 6 — 37
Garibaldi — 2.248,01 — 9 — 40
Caxias do Sul — 1.996,67 — 13 — 58
Farroupilha — 1.747,14 — 24 — 103
Veranópolis — 1.674,17 — 25 — 114
Pinto Bandeira — 1.130,67 — 105 — 421
Cotiporã — 981,62 — 147 — 638
Monte Belo do Sul — 909,72 — 176 — 779
São Valentim — 802,99 — 226 — 1.017
Santa Tereza 768,52 238 1.113

Cidade rica

A renda média registrada na capital da República, Brasília, é de R$ 2.981,00 no cálculo que inclui todos os habitantes.

Quando o cálculo envolve apenas os declarantes que pagam o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), essa renda média pula para R$ 11.994,00.

Bairro rico

Entre os moradores do Lago Sul, região nobre de Brasilia, a renda média chega a R$ 38.460,00 quando são analisados apenas os declarantes. Ou soma R$ 23.020,00 quando a distribuição envolve a população total.

Não tem nenhum município no Brasil que alcance esse patamar de distribuição de renda entre a população.

Fonte: Onde estão os “ricos” no Brasil? – Fundação Getúlio Vargas Social

Ricos & pobres

No topo do ranking nacional está a cidade de Nova Lima, de Minas Gerais, com distribuição média de renda na ordem de R$ 6.253,03.

Na ponta de baixo, entre os 5.570 municípios brasileiros, está Fernando Falcão, pequeno município do Maranhão, com apenas R$ 19,89.

A análise

O estudo demonstra o que já visualizamos na prática, diariamente: somos uma cidade de pessoas trabalhadoras e empreendedoras. Seja quem nasceu em Bento ou chegou de outro município, todos estão aqui pra trabalhar, construir suas vidas, seu patrimônio e de suas famílias. Somos privilegiados em ter empresários dedicados, que enfrentam as dificuldades para seguir empreendendo e gerando empregos, e também uma força produtiva sem igual, que batalha cotidianamente para fazer seu melhor e garantir seu sustento e de seus familiares. Bento Gonçalves é, sim, uma terra de oportunidades e, com certeza, a classificação de renda média na 35 ª posição – entre 5.570 municípios do país – reflete isto.
Heitor Tártaro
Secretário interino de Finanças da Prefeitura de Bento Gonçalves

Os dados que posicionam Bento Gonçalves em um nível acima da média, tanto em âmbito estadual quanto nacional, além de estar em primeiro lugar com a melhor distribuição de renda das cidades da Serra Gaúcha, são reflexo do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) gerado pela diversidade e sólidos negócios nos setores da indústria, comércio e serviços. Bento também se destaca no quesito exportações, o que contribui para a geração de riquezas. O somatório de fatores acarretam uma melhor remuneração e, consequentemente, gera mais renda e recursos para o município. Sem dúvida, é um orgulho para a Movergs ter seu polo moveleiro, como destaque, comprovando a pujança do povo bento-gonçalvense.
Rogério Francio
Presidente da Movergs

Os números identificados pela pesquisa da FGV, e que colocam Bento Gonçalves em posição de destaque no ranking que classifica a renda média da população, é consequência direta da solidez da economia do município e, também, da Serra Gaúcha. Nossa cidade tem uma matriz produtiva diversificada, sustentada de forma equilibrada entre indústria, comércio, serviços e atividade turística – e que, exploradas às custas de muito trabalho e dedicação, características inerentes aos empreendedores locais, permitem extrair bons resultados, elevando o padrão do rendimento. Bento Gonçalves é uma cidade que produz riqueza.
Marcos Carbone
Presidente da CDL-BG

Bento Gonçalves é uma cidade diferenciada, com uma economia forte e diversificada. Temos uma indústria bem desenvolvida em setores como o moveleiro, metal mecânico, alimentício e vinícola, por exemplo. Assim, temos uma arrecadação regular, que ganha equilíbrio com a indústria, o comércio e os serviços. Como não temos a concentração em um setor, temos uma representatividade quase que proporcional. Com empresas altamente competitivas, a qualidade da nossa mão de obra também se diferencia. Outro aspecto a ser considerado é a escolaridade, com altos índices, diante de um ensino qualificado, com grande oferta de cursos superiores.
O desenvolvimento do turismo também contribui para a diversificação econômica. O vinho, nosso produto ícone, responsável pelo título de Capital Brasileira do Vinho, trouxe, ao longo dos anos, o incremento e aperfeiçoamento do trade turístico com o surgimento de novos hotéis, bares e restaurantes, atraindo mais de 1,5 milhão de turistas no ano passado. A expertise em grandes eventos também alavanca o turismo de negócios. Também temos um comércio forte, participativo, que vem mostrando sua representatividade. Somos privilegiados.
Daniel Amadio
Presidente do Sindilojas Regional Bento

Imagens: Reprodução internet (www.canaltecnico.com.br)