Beco sem saída
Está cada vez mais difícil e deve piorar a falta de vagas nas escolas de Educação Infantil em Bento Gonçalves. Já é certo que para 2016 o déficit de 545 crianças deve aumentar, principalmente naquelas com idade entre 0 e 2 anos, que demandam um número maior de profissionais para atendimento.

A Prefeitura vai passar a pagar em torno de R$ 400 por aluno para garantir vagas em escolas particulares. O montante está definido na LDO e, pelo visto, não devem ser realocados recursos para que este valor tenha algum reajuste.

Apesar do esforço que vem sendo feito pela Frente Parlamentar da Educação Infantil, está difícil ver uma luz no fim do túnel. Pois, ao que parece, a situação destas crianças não é uma prioridade, caso contrário, haveria como realocar recursos e aumentar um pouco mais o número de vagas compradas na rede particular. Há, no mínimo, uma inversão de valores.

Dinheiro público no esporte
Em compensação, na segunda-feira, a Câmara de Vereadores aprovou o repasse de R$ 200 mil da Prefeitura ao Bento Vôlei, sob a justificativa de engrandecimento da marca Bento Gonçalves nos compromissos do clube a nível estadual e nacional. Francamente, num momento de crise financeira, não posso concordar que um clube, seja ele qual for, receba recursos públicos para sustentar seu time de profissionais.

A reclamação é a mesma que fiz em relação ao Esportivo, quando também recebeu dinheiro da Prefeitura. Todos sabemos do belíssimo trabalho realizado pelo Bento Vôlei com as centenas de crianças que atendem em seu projeto. Isso é gratificante e valoroso.

Mas, mesmo assim, a prefeitura não poderia se comprometer a este ponto com o clube, quando, ao seu lado, centenas de servidores terceirizados e estagiários não estão recebendo seus salários. E o pior é que a maioria dos vereadores aprova este tipo de projeto sem questionar, algo que virou rotina no Legislativo.

PPCI da Câmara
Na noite de segunda-feira, 16, acompanhei a sessão da Câmara de Vereadores e, como de praxe, pouca coisa se aproveita, dei uma passada nos gabinetes dos parlamentares e pude constatar a situação precária (para não dizer arriscada) em que trabalham os assessores e os parlamentares.

Além do espaço ser em uma sala 2 x 2, onde o calor é acentuado, notei que a forração é toda feita de isopor, material altamente inflamável (muito pouca gente olha para cima quando vai ao Legislativo). Além disso, em alguns pontos, a fiação elétrica está aparecendo. Fico imaginando se chega a dar um curto-circuito em uma daquelas salas.Ou então um incêndio durante uma audiência pública?

Também não encontrei saídas de emergência nas proximidades. E então fica o questionamento: a Câmara de Vereadores tem um Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) aprovado pelo Corpo de Bombeiros? Se tem, deve ter sido aprovado às cegas.

Manifestações
Durante o final de semana, pude acompanhar pelas redes sociais as manifestações em relação ao atentado ocorrido na França. Teve gente que coloriu a foto em solidariedade, outros postaram mensagens de apoio e muitos, como eu, criticaram a atitude, lembrando que não nos mobilizamos em torno dos nossos problemas, como o assassinato do Rio Doce, cometido pela irresponsabilidade da empresa Samarco, em Minas Gerais.

A verdade é que, de alguma forma, somos todos hipócritas (me incluo nesta relação). Gostamos de criticar atitudes de quem se posiciona e, também, de quem se omite. Ninguém de nós postou fotos com a bandeira do Quênia, quando mais de 150 estudantes foram mortos em uma universidade. Mas é claro, estamos falando da França. É muito mais chique e nobre ser solidário com os franceses.

Viva a hipocrisia das redes sociais e ao fato de que, na prática, poucos são realmente solidários com alguma coisa, ou querem somente se promover com ela.