Feira do Livro
Posso até ser criticado por algumas coisas que eu digo, mas jamais deixarei de me posicionar a respeito de algo que me incomoda. Uma cidade como Bento Gonçalves não pode se contentar com uma Feira do Livro que serve apenas de atrativo para quem passa pela Via del Vino.
Eu, como amante da leitura, quero muito mais que isso. Aplaudo a ideia de valorizarmos nossos talentos locais, colocando como patrono e escritor homenageado, mas isso não pode impedir o evento de ser grande, de aparecer para o Rio Grande do Sul, para o Brasil.
Não podemos abrir mão de painéis com escritores de referência, educadores de renome e, até mesmo, shows culturais de expressão. É preciso pensar grande, como é grande nossa cidade. E, para que isso aconteça, é necessário planejamento e organização. Pois havia tempo hábil para a captação de recursos, o que não foi feito. A feira merecia um evento à altura dos seus 30 anos.

Jovens lideranças
A cada evento que eu vou na cidade, seja ele político ou empresarial, ouço a mesma coisa: Bento Gonçalves está carente de líderes. Muita gente fala isso e aí eu pergunto: mas quem se habilita a ser líder na cidade?
Na verdade, a Capital do Vinho não precisa de um líder, mas sim da união de pessoas que são formadoras de opinião e servem de referência nos setores que atuam para fazerem o mesmo por Bento Gonçalves, e não apenas por interesses setorizados.
Temos várias mentes brilhantes que precisam se expor de forma conjunta para pensar uma Bento diferente. Quem quiser fazer isso sozinho, será engolido por aqueles que não querem ver nossa cidade sair do lugar, que estavam acostumados a dar as cartas no grito.
Estes empresários chegam ao posto de liderança com uma outra cabeça, não aceitam a imposição de uma ideia e sim a sua discussão para que cheguemos a um denominador comum. Está mais do que na hora de aproveitarmos melhor estas pessoas.

Ações da Polícia Civil…
Quem gosta de acompanhar as notícias policiais está percebendo a dificuldade que rádios e jornais estão tendo para acompanhar as ocorrências em Bento Gonçalves. Isso porque, não sei se por protesto, ou não, a Polícia Civil resolveu cortar o acesso as informações.
Delegados se recusam a dar entrevista, a imprensa está sem acesso as ocorrências policiais, algo imprescindível para conseguirmos a informação correta dos fatos a ser passada ao nosso leitor, e há meses não conseguimos dados sobre as ações da Delegacia da Mulher.
Como editor-chefe do jornal, não recebi nenhum comunicado oficial desta medida, por isso acredito ser uma postura adotada pelos delegados daqui. Medida esta que é desnecessária, pois a imprensa sempre procura trabalhar ao lado da Polícia Civil, principalmente quando nos pedem sigilo de algumas informações para não prejudicar uma investigação. Felizmente ainda temos acesso com a Brigada Militar, que nos passa as ocorrências atendidas.

… que também são elogiáveis
Porém, nem tudo são críticas ao trabalho da Polícia Civil. Muito pelo contrário. Os policiais realizam atividades que combinam inteligência e eficácia. Os números mostram que as ações têm dado um resultado positivo.
Em relação aos quase 20 assassinatos ocorridos em Bento Gonçalves, 75% deles tiveram o seu autor identificado pela polícia. São poucos os casos em que o criminoso não foi preso ou, pelo menos, prestou depoimento na delegacia.
Vale destacar também o combate ao tráfico de drogas onde, por meio de monitoramento e paciência para desvendar os crimes, nomes importantes ligados ao tráfico foram presos no município. Várias conexões de distribuição da droga foram desativadas nas operações realizadas nos bairros da cidade.
Esse tipo de coisa não acontece por acaso. Temos, sim, uma Polícia Civil que trabalha de maneira diferenciada e que alcança os objetivos esperados pela comunidade bento-gonçalvense. A resposta à criminalidade tem sido dada à altura pelos policiais.