Ainda que demonstre um grande avanço no país, a divulgação do Índice do Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) do Brasil esta semana mostra que é preciso avançar muito para que o país possa ser considerado um local com um índice de desenvolvimento humano próximo do ideal. Mesmo que, nos últimos 20 anos, o país tenha avançado a passos largos em diversos setores, há gargalos e, o maior deles está na educação.

Uma simples análise dos dados mostra que a educação se mantém como o principal desafio do país nestas duas décadas. Embora seja o componente com pior marcação, foi na educação que mais houve avanço nas duas últimas décadas: um salto de 128% se comparado à pontuação de 2010. A verdade é que saímos de um patamar muito baixo, o que mostra o esforço que o país fez na área, mas ainda estamos muito longe de índices ao menos aceitáveis. O subíndice educação saiu de um patamar de apenas 0,279 em 1991 para 0,637 em 2010. Em termos absolutos, isso representa um avanço de 0,358. Segundo a pesquisa, a variação foi capitaneada pelo aumento do fluxo escolar de crianças e jovens.

Em 20 anos, houve evolução da proporção da população adulta com ensino fundamental concluído, de 30,1% para 54,9%. A porcentagem de crianças de 5 a 6 anos na escola, por sua vez, saltou de 37,3% para 91,1%, enquanto que a quantidade de jovens de 11 a 13 anos nas séries finais do ensino fundamental chegou a 84,9% – era de 36,8% em 1991. Na faixa etária de 15 a 17 anos, 57,2% da população tem o fundamental completo – o número era de 20% há duas décadas.

O maior gargalo registrado é no ciclo final da educação básica. A porcentagem de jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo passou de 13%, em 1991, para 41%. Atualmente, a maioria dessa faixa etária no país ainda não tem ensino médio completo.

Nas edições de 1998 e 2003, a educação era calculada pela taxa de alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade e a taxa bruta de frequência escolar. Agora, a medição ficou mais rígida, passando a considerar a escolaridade da população adulta e o fluxo escolar da população jovem. Esta última variável é uma combinação de quatro indicadores: porcentuais de crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola, de jovens de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental, de jovens de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo e de 18 a 20 anos com ensino médio completo.

Tornar o componente mais rígido se justifica, segundo os pesquisadores, pela necessidade de estabelecer critérios mais exigentes para o País na área. Nos anos 1990, o importante era colocar a criança na escola. Isso já não basta, é preciso avaliar a frequência e o segmento dos jovens nos ciclos mais avançados de estudo. As estatísticas também evoluem, e o país não pode ficar para trás.