Aos poucos a economia vai dando ares de retomada. Neureli Peres Bandeira é uma das pessoas que garantiu o sustento da família, em meio à pandemia

Como uma das reações necessárias e urgentes no setor econômico, o governo federal criou o auxílio emergencial, em 2 de abril, como caráter assistencial, e ofereceu o recurso a trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados. A lei previa o recebimento de três parcelas entre R$ 600,00 e R$ 1,2 mil às pessoas que cumpriam os requisitos previstos no programa, como não possuir emprego formal ativo e fazer parte de família com renda mensal inferior a R$ 3.135,00. O recurso, contudo, foi prorrogado até dezembro de 2020, com parcelas menores, de R$ 300,00 cada.

A doméstica Neureli Peres Bandeira, 35 anos, é umas famílias entre os 13.235 auxílios pagos. Os dados foram retirados do Portal da Transparência – Controladoria-Geral da União, e se referem aos pagamentos no mês de agosto.

No município, foram pagos mais de 13 mil auxílios do governo federal, somente em agosto

Ela relata que perdeu o emprego no início da crise, devido ao isolamento social. “Trabalhava, uma ou duas vezes por semana, na casa de um casal de idosos. Quando veio a pandemia, ‘me quebrei’ mesmo. Como eram do grupo de risco, não tinha o que fazer, nem de onde tirar o sustento da casa, foi bastante difícil”, afirma.

Até setembro, Neureli contou com a ajuda do auxílio emergencial. Mãe de três filhos pequenos, relata que o dinheiro era a única renda familiar. “Me ajudou bastante. Tinha que comprar comida para as crianças, pagar contas. Ganho um rancho da escola, o que facilita muito. Sou muito grata”, sublinha.

O que era para tratar da ajuda governamental, se tornou a comemoração de um novo emprego. No dia da entrevista, na semana passada, Neureli acabara de preencher uma vaga no setor de serviços. “Está maravilhoso. Graças a Deus estou conseguindo suprir melhor as necessidades do meu lar e dando a volta por cima. Além do mais, estou com carteira assinada, o que me alegra bastante. As pessoas acham que não tem emprego por causa do vírus, mas consegui serviço. Trabalho em uma empresa muito boa. Estou bem contente. É o ramo que gosto, o da limpeza. Tenho muito a agradecer a eles pela oportunidade”, celebra.

O setor de serviços é um dos quatro que mais contribuíram para a recuperação em agosto. Cerca de 320 pessoas foram empregadas e 314 demitidas, deixando um saldo positivo de sete. A área que mais admitiu trabalhadores foi a da Indústria, com 782 novos postos, seguido pelo Comércio (291) e por último Construção (97).

Oferta de empregos

Mesmo com a retomada gradual da empregabilidade em Bento Gonçalves, os números de agosto estão longe dos registrados no início de 2020, de acordo com o Novo Caged. Entretanto, o mês aponta o melhor desempenho desde o começo da pandemia, em março: 338 novas oportunidades abertas no município.

Pelo lado econômico, o mês que os trabalhadores mais sofreram foi em abril, o qual causou o desemprego de 1.988 pessoas – número mais alto dos últimos oito meses do ano. Apenas 527 foram empregadas, deixando um saldo negativo de 1.461 postos de trabalho. Ainda segundo o órgão da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, o saldo no período de janeiro a agosto é ainda negativo, com 645 demissões – diferença entre abertura e fechamento de vagas.

Foto: Franciele Zanon