Um problema silencioso que vem despertando a atenção de especialistas e familiares, a automutilação praticada por adolescentes atinge cerca de 20% deles. Os relatos mais frequentes são observados na adolescência e os comportamentos autolesivos evidenciam um sofrimento psíquico que não deve ser negligenciado. São pessoas que deslocam o sofrimento emocional para um sofrimento físico.

Os jovens que praticam a automutilação ou “cutting” referem que os cortes aliviam as dores emocionais, muitos dizem que a dor no corpo suaviza a dor do coração, sendo esta uma maneira de lidar de forma impulsiva e destrutiva com frustrações e ansiedades. Sensação de vazio, angústia, raiva de si mesmo, tristeza com ou sem motivo são outros motivos apontados.
É importante estar ciente que a automutilação não tem como objetivo chamar a atenção, mas é usada como um escape para aliviar a dor e a tensão, e pode sim ser encarada como um pedido de ajuda.

As principais características do transtorno são pequenos cortes superficiais feitos pelo próprio adolescente, cortes estes feitos com canivetes, lâminas de barbear, cacos de vidro e até lâminas de apontadores de lápis, em locais do corpo que possam ficar escondidos sob a roupa ou acessórios, sendo geralmente nos braços e pernas.

A automutilação muitas vezes está relacionada a outros problemas psicológicos, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e transtornos alimentares e por isso deve ser encarada com atenção e cuidado.

Os pais e a escola precisam ficar em alerta e observar o comportamento dos jovens. Grande parte dos pais sequer percebe quando os filhos começam a realizar esta prática. O apoio da família é essencial, buscar oferecer conforto e compreensão, tentando entender o que está acontecendo com o jovem é fundamental. Todos precisam entender que há sofrimento para a pessoa que se corta.

Psicoterapia é a base para o tratamento, pois o problema em questão está no fato dos jovens se sentirem incapazes de lidar com o sofrimento e seus sentimentos. Com isso, torna-se essencial um espaço para que esses adolescentes possam ser ouvidos verdadeiramente e obtenham ferramentas saudáveis para lidar com as frustrações e todo o turbilhão de sentimentos. Em alguns casos, pode-se fazer necessário o acompanhamento psiquiátrico também, uma vez que algumas pessoas que praticam a automutilação podem sofrer de transtornos psiquiátricos associados. O apoio familiar dado é essencial e faz toda a diferença no tratamento pois o adolescente geralmente relata medo do julgamento da família.
Fique atento e busque ajuda profissional!

Renata Rigon Cimadon