Quando o assunto é trânsito, deixar um pouco de lado a tecnologia que o celular oferece torna-se estritamente necessário. Caso contrário, uma espiada na tela do aparelho pode causar grandes transtornos. Além do risco de acidente, o ato de estar dirigindo com o celular em mãos configura multa gravíssima e perda de pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Em Bento Gonçalves, o número de multas aplicadas para esse tipo de infração cresceu 65% esse ano, em comparação aos cinco primeiros meses do ano passado. Dados cedidos pelo Coordenador de Políticas Públicas de Trânsito, do Departamento Municipal de Trânsito (DMT), Thiago Fabris, mostram que em 2018, de janeiro a maio, foram aplicadas 126 multas, enquanto no mesmo período desse ano, foram 208. O mês com maior incidência foi fevereiro, com 74 autuações, enquanto no mesmo período do ano passado foram 30, tendo um acréscimo de 44 infrações aplicadas. Na tabela abaixo é possível conferir os números.
Na BR-470 a realidade é a mesma. O aumento de flagrantes de motoristas mexendo no aparelho vem crescendo anualmente. Em 2018 a Polícia Rodoviária Federal (PRF) multou 42 condutores. Esse ano, até o momento, foram 27 multas aplicadas. As informações foram passadas pelo Chefe da 6° Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Rômulo Gomes. “Os dados que a gente tem demonstram que o uso do celular no volante está cada vez mais frequente, tanto é que a cada ano que passa a gente tem um número de autuações maior”, afirma Gomes.
As infrações se dividem em três grupos: segurar o celular, manusear o aparelho enquanto dirige e falar ao telefone. Quem manuseia o celular comete infração gravíssima, soma sete pontos na CNH e paga multa de R$ 293,47. Já quem for flagrado falando ao celular e dirigindo é multado em R$130,17 e soma quatro pontos na CNH pela infração média. As regras também valem para quando o carro estiver parado no semáforo ou em engarrafamento.
Fabris confirma que observa muito mais pessoas mexendo no celular enquanto dirigem do que em outros anos. “Sabemos que tem sim esse aumento de infrações. É aquela questão do agente estar no lugar certo, na hora certa e observar. Esse é um dos problemas que a gente enfrenta hoje. Se pegar um congestionamento se observa que as pessoas estão interagindo no celular muito mais do que em outros anos”, garante.
Números poderiam ser maiores
Tanto Fabris, quanto Gomes, afirmam que o trabalho da DMT e da PRF não é focado em aplicar essas multas, que geralmente são feitas quando os servidores estão na rua cumprindo outros trabalhos. Portanto, esses números registrados dentro da cidade e na BR-47 poderiam ser muito maiores. “O nosso foco principal não é ficar pegando essas infrações, acontece mais quando o agente está naquela situação e enxerga o condutor com o celular na mão e acaba fazendo a atuação”, admite Fabris.
Gomes destaca que a maior parte dessas infrações são realizadas sem abordagem aos motoristas. “Quando estamos trabalhando a gente não fica cuidando se as pessoas estão usando o celular ou não, às vezes estamos indo atender alguma ocorrência e verificamos essa situação. Embora a autuação possa ser feita com abordagem ou sem, a maioria desse tipo é sem, que é quando a gente está em ocorrência ou indo a algum lugar”, explica o chefe da PRF.
Riscos de acidentes
Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que o risco de um acidente de trânsito acontecer pelo condutor estar mexendo no celular aumenta em até 400%. Gomes frisa que a falta de atenção é um fator determinante na hora de dirigir. “A gente pode afirmar categoricamente que a falta de atenção é um aliado importante na causa do acidente. Pelo menos 50% deles também são por falta de atenção e quando falo em distração, pode ser qualquer coisa, inclusive o uso do celular”, alega Gomes.
Fabris pede que as pessoas tenham mais consciência na hora de dirigir e que façam um exercício diário para reduzir a dependência do uso do aparelho, principalmente na hora de dirigir. “Imagina ser atropelado por uma pessoa que estava jogando Candy Crush no telefone no momento que atropelou alguém, ou que estava trocando o toque. O celular tira totalmente o foco da direção. Que as pessoas se conscientizem em não mexer no celular enquanto está dirigindo o veículo”, finaliza.
PRF recebe novo bafômetro para testes de embriaguez
Desde a semana passada a PRF de Bento já está atuando com um novo bafômetro na fiscalização da alcoolemia. A ferramenta promete mais agilidade nos resultados. “Ele é muito simples e no máximo em dez segundos já foi feito o teste, enquanto o aparelho antigo leva em torno de um minuto”, assegura Gomes.
O aparelho, que custou cerca de R$25 mil, deve gerar economia a longo prazo, uma vez que não precisa obrigatoriamente do bocal descartável como o antigo, que custava em média R$1,50 cada. “Ele tem duas maneiras de fazer o teste. De forma passiva, que basta a pessoa conversar próximo ao aparelho para ele acusar se foi feito o uso do álcool ou não. E tem a forma ativa, que é quando coloca outro tipo de bocal no aparelho, e aí a pessoa assopra”, explica Gomes.
O aparelho, por ser considerado sensível e de diferente manuseio, precisa de capacitação dos servidores para ser posto em prática. “Não pode ser feito de qualquer forma, porque senão ele não vai fazer a mensuração adequada. Aqui na nossa delegacia não temos todos os servidores capacitados ainda, em torno de 40% deles por enquanto”, comenta o chefe da PRF.