O crescente número de pontos de descarte irregular de lixo doméstico tem assustado a comunidade bento-gonçalvense. Segundo informações da fiscalização ambiental, pelo menos sete lugares servem como depósito de resíduos sólidos de forma ilegal, na zona urbana do município, sobretudo no loteamento Santa Fé e em estradas vicinais entre o Barracão e Santa Helena.

Os fiscais se espantam pelo fato de o lixo descartado não ter nada de especial, ou seja, é resíduo doméstico, que poderia ser colocado na lixeira normalmente, como caixas de leite e papéis velhos. Em alguns casos foi possível identificar o revestimento de plástico de uma televisão de tubo estragada, uma televisão ainda montada e calçados velhos. Além disso, é comum encontrar restos de material de construção, que podem ter sido utilizados em obras, e dejetos orgânicos.

No Santa Fé, o problema se concentra no acúmulo de material recolhido por moradores de rua. Segundo o fiscal Luís Espeiorin, eles recolhem o lixo e levam para o loteamento para selecionar o que pode ser útil. “Acaba ficando acumulado lá”, relata. Já no Barracão, o fiscal identificou alguns objetos com valor comercial para os recicladores, como caixas de papelão.
Ele ainda observa que até o ano passado, não era comum como tem sido ultimamente encontrar locais de depósito na zona urbana. “Há pelo menos um descarte ilegal em cada distrito, isso sem contar os pontos dentro do município”, conta.

Para Espeiorin, a solução envolve aumentar a fiscalização e agir para achar uma maneira de coibir tais atos antes que eles aconteçam. “Muitas vezes nós estamos limpando, mas isso é custo para o Poder Público e não deveria ocorrer”, afirma. O fiscal também relata que mesmo que a sujeira seja retirada dos depósitos irregulares e destinada aos locais corretos, em questão de dias já há acúmulo novamente.

Além disso, a Prefeitura considera a hipótese de instalar câmeras de monitoramento nos locais críticos, porém, ainda não é confirmado que a ideia se concretize. Nos últimos tempos foram fiscalizados cerca de sete pontos, que correspondem à zona urbana. As ações devem resultar em autuações de pessoas que foram identificadas como responsáveis pelos descartes ilegais. “Este ano está sendo o pior, é o auge em relação aos últimos cinco anos mais ou menos”, aponta Espeiorin.

Segundo o secretário do Meio Ambiente de Bento Gonçalves, Claudiomiro Dias, a única solução para o problema é em longo prazo e envolve a educação ambiental das crianças, que passam a conscientizar seus pais sobre a importância de destinar o lixo aos locais corretos. “Nós temos que trabalhar forte neste sentido, é a única forma de resolver”, afirma.

 

Para apontar suspeitos, lixo precisa ser investigado

Os fiscais investigam o lixo descartado irregularmente para identificar os autores dos atos. No caso do Barracão, foram encontrados uma certidão de casamento, um documento velho de carro e trabalhos escolares, que podem identificar possíveis suspeitos.  

A partir dessas informações, os suspeitos são convocados a comparecer à Prefeitura e podem sofrer com multas de R$ 5 mil até R$ 5 milhões, de acordo com o Código de Defesa do Meio Ambiente. Além disso, são obrigados a limpar o local onde os resíduos foram descartados.  Em caso do não pagamento, o processo vai parar no Judiciário. 

Em situações nas quais os suspeitos podem ter sido vítimas de furtos, ou seja, não realizaram o descarte irregular, é necessário apresentar o boletim de ocorrência comprovando o ato. Segundo o fiscal Luís Espeiorin, isso acontece apenas em poucos casos.