Ao longo desses mais de 35 anos militando na imprensa já comentei inúmeras vezes sobre o trânsito de Bento Gonçalves. Como já dirigi em muitos locais, não tenho dúvidas em afirmar que os dois piores são, pela ordem, Bento e Caxias. E quando falo em trânsito me refiro a todos os envolvidos, tais como motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres, agentes de trânsito, policiais de trânsito, responsáveis pelos departamentos municipais, estaduais e federal. Todos têm grande parcela de responsabilidade por tudo o que acontece no trânsito. Mas, falemos, mais uma vez, sobre os problemas nossos de todos os dias. É inacreditável o que se vê por aqui. Motoristas sem noção, motociclistas idem, pedestres da mesma forma. E a fiscalização não possui agentes em número suficiente para um trânsito de mais de setenta mil veículos. As faixas de segurança são ignoradas, solenemente, pela maioria dos condutores de veículos e, pior de tudo, pelos próprios pedestres. Os primeiros não param e os segundos, quando as utilizam indolentemente, distraidamente, abusadamente. Observando isso nas ruas centrais, várias perguntas se impõem: Por que muitos motoristas não respeitam as faixas de pedestres? Por que muitos pedestres não utilizam as faixas e, quando as utilizam, o fazem indolentemente? Por que muitos pedestres que veem veículos parados permitindo a travessia de outros pedestres e eles, mesmo estando longe, nas calçadas, chegam e pensam que a prioridade continua sendo deles? Por que sequer sinaleiras a eles destinadas são ignoradas, desrespeitadas por muitos? Por que, mesmo estando próximos delas, muitos pedestres cruzam ruas fora delas e, não raro, falando ao celular e/ou com sombrinhas/guarda-chuva enfiados na cabeça? Por que muitos pedestres se julgam indestrutíveis e imunes a atropelamentos, pouco ou nada fazendo para se protegerem, pensado “tô na minha”? Para motoristas, não entendo necessárias quaisquer “campanhas de conscientização” por elementar motivo: se possuem carteira de habilitação é porque participaram de cursos teóricos e práticos para formação de motoristas. Mas, pedestres não precisam disso. Deveriam, sim, desde pequeninos, receber “cursos de formação para pedestres no trânsito” de seus pais. Mas, o que se vê não é isso. Esta semana, duas pessoas foram atropeladas no centro. Fora das faixas de pedestres. Por que, então, não se deflagra uma intensa campanha de conscientização para pedestres? Já é mais que necessário isso. Existem verbas originárias das multas (que, aliás, estão sendo aplicadas em bem menor número do que as infrações que se veem diariamente) que podem – e devem – ser utilizadas desta forma. A Secretaria dos Transportes poderia e deveria pensar bem sobre isso. Mas, antes que tenhamos mais mortes por atropelamento a lamentar.