Pelo que se está percebendo, estamos perdendo totalmente a noção das coisas. É a corrupção campeando solta, em todos os poderes, em todos os partidos políticos, na iniciativa privada, no funcionalismo público, em todas as profissões, enfim é uma verdadeira guerra de ladroagem sem quartel, sem escrúpulos, sem qualquer resquício de vergonha na cara; é a máxima de “levar vantagem em tudo” sobrepujando os mais basilares esteios da convivência social; é o “ter” sendo mais valorizado que o “ser”, não importando se as origens do “ter” são éticas e morais; é a era onde a célebre frase de Rui Barbosa atinge o ápice, atinge sua plenitude de verdade: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra; de tanto ver crescer a injustiça; de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. E isso tudo está se proliferando tão rapidamente que passa ao largo de nossas percepções, mesmo as mais aguçadas, as que mais nos dizem respeito e nos afetam diretamente. Ouvimos falar em “bilhões de reais, de dólares, de euros”, mas perdemos completamente a noção da grandiosidade desses valores. Pior de tudo, porém, é se constatar que perdemos a noção dos VALORES DA VIDA. O noticiário da imprensa escrita, falada, televisada, redes sociais, etc, nos colocam fatos, coisas que há quarenta, cinquenta anos não seriam toleradas, não seriam aceitas pela sociedade. Sim, os valores morais e éticos de então eram diferentes. Mas, alguns não poderiam jamais ter sido abolidos. O que mais salta aos olhos é o VALOR À PRÓPRIA VIDA. Morrem pessoas diariamente, a cada hora, a cada segundo, não de “mortes morridas”, mas de “mortes matadas”, seja em assaltos, em acertos de contas entre marginais, em brigas bestas e, o pior, no TRÂNSITO. Sim, no trânsito. Aqui, no NOSSO trânsito, bem debaixo de nossos narizes. A mais recente morte (isso caso não tenha ocorrido mais depois que escrevi este artigo) de uma idosa, atropelada, causou indignação em várias pessoas. Recebi telefonemas, e-mails, contatos pessoais de pessoas, pelas redes sociais houve manifestações de revolta diante do fato. Mas, certamente, não em quantidade suficiente para sensibilizar nossas chamadas “autoridades competentes”. O quê fazer para evitar ou, pelo menos, reduzir essa chacina no trânsito? Penso que começa por ações mais contundentes das autoridades de trânsito. Mas, para isso, precisamos de MAIS agentes de trânsito e não cargos de confiança. E não adianta “campanha de conscientização”. Quem recebe uma habilitação deve estar apto a conduzir a arma chamada veículo. Há que se colocar um paradeiro nisso tudo. Com urgência. Antes que seja a mãe, pai, avó, avô, filho ou parente de alguma autoridade.