O que está acontecendo no Estado do Rio Grande do Sul e, também, em Bento Gonçalves, não tem precedentes na história. A segurança pública simplesmente não existe, é fictícia, é figura de linguagem. A bandidagem tomou conta de tudo, de todos, faz o que quer, quando quer, onde quer e, agora, na hora que bem entende. Houve um tempo em que se procurava locais bem frequentados, com boa quantidade de pessoas. Hoje esses locais são exatamente aqueles em que estamos expostos à fúria da delinquência ilimitada em todos os sentidos. A vida humana vale menos que o cocô do cavalo do bandido para essa gente. Mas, por que isso tudo está acontecendo? Ora, ora, essa resposta até os pardais da Praça Walter Galassi sabem: pelo descaso do governo do Estado para com a Brigada Militar e a polícia civil. Até quando isso vai continuar?

O caos está instalado
A Brigada Militar tem próximo a 50% do efetivo previsto. Algo em torno de 35 mil policiais e com menos de 20 mil na ativa; a polícia civil conta com reduzidíssimo efetivo, também tendo sido reduzido, quase que geometricamente, ao longo dos anos e, da mesma forma que a BM, não tendo a devida reposição. Essa carência de agentes da lei faz com que a bandidagem se multiplique, exatamente pelo sentimento da impunidade. Alie-se a isso a falta de presídios em número suficiente para abrigar a marginalidade. Atualmente, há inúmeros presos em delegacias em Porto Alegre, alguns até com doenças graves e contagiosas, que não têm para onde serem transferidos. É o caos total instalado.

E nós, aonde vamos?
Aqui, em Bento Gonçalves, temos um presídio no centro da cidade apenas porque a população não se mobilizou o suficiente para abafar manifestações de duas dezenas de pessoas que conseguiram barrar a construção de um novo, já com o terreno, o projeto e o dinheiro disponibilizados. Esse caos que se vê em Bento também é de responsabilidade dessa população que se omitiu, deixando os poderes públicos e o judiciário – quem não lembra da cruzada incessante da juíza Fernanda Ghiringhelli para que o presídio fosse construído? – sem ter o que fazer. Quantas prisões de marginais deixaram de ser cumpridas por absoluta falta de vagas na “bomba relógio”, no ridículo presídio atual e que deixaram a magistrada angustiada? Afinal, aonde vamos parar?

Falta dinheiro por quê?
Quantas vezes a população parou para se perguntar: afinal, de quem é a culpa por esse estado de coisas? Que está faltando dinheiro para segurança pública, para a educação, para a infraestrutura e para a saúde até os quero-queros do Estádio Montanha dos Vinhedos sabem. Mas, por que está faltando se o senhor José Ivo Sartori, que prometeu mundos e fundos na campanha que usou para se eleger (inclusive acabar com o desgraçado Imposto de Fronteira, que massacra só as micro e pequenas empresas), chegou ao cúmulo de aumentar impostos brutalmente, em período de recessão nacional? Pergunta muito pertinente, não?

Esperar o quê?
Sequer a folha dos funcionários públicos – só do Poder Executivo, claro – está sendo paga como deveria. E podem tirar a Dilma do poder e colocar Jesus Cristo na presidência com seus apóstolos nos ministérios que não resolverão os problemas. Podem colocar o Mágico Merlin no governo do Estado que também não resolverá. Culpa de quem? Da população, que ficou assistindo bovinamente, por décadas, o esfacelamento dos municípios, estados e da União. Inflaram todos de funcionários em número desnecessário; atribuíram benesses não menos desnecessárias (biênio, quinquênio para quem tem estabilidade é um deboche, no mínimo); concederam aposentadorias precoces e vantagens também desnecessárias. Agora isso está explodindo. Como resolver? O que esperar? A resposta me parece cristalina: apaga-se tudo, bola no centro e começa novo jogo. É viável? Não! Então, é esperar que se exploda tudo. Simples assim!