As principais práticas envolvem a clonagem e acesso do aplicativo WhatsApp

Por meio das novas tecnologias, tornou-se mais fácil a prática de crimes de estelionato e fraudes em Bento Gonçalves. No comparativo com o ano passado, houve aumento de 110% no percentual, apenas no primeiro semestre. Em 2019 foram 225 ocorrências registradas via delegacia online ou presencialmente, contra 448 de 2020, mais que o dobro.

De acordo com o delegado de Polícia, Arthur Hermes Reguse, as práticas mais comuns envolvem a clonagem e acesso do aplicativo WhatsApp, com posterior solicitação de dinheiro para familiares e amigos das vítimas.

Golpes via WhatsApp são mais comuns para quem trabalha com necessidade de divulgar contato telefônico
Foto: Reprodução

Foi o que ocorreu com o fotógrafo Emerson Ribeiro, que teve a conta no aplicativo clonada duas vezes em apenas um dia. Primeiro, recebeu uma ligação de uma mulher dizendo que era arquiteta. “Na fotografia não tem como ficar escolhendo trabalho, faço bastante ensaios de arquitetura. Ela me ligou e falou que precisava fazer algumas fotos, que haviam indicado meu trabalho”, afirma.

Ribeiro detalha o caso. “Conversamos e a ‘arquiteta’ disse que tinha um material, pedi como referência. Ela comentou que ia mandar por e-mail para eu dar uma olhada e ver o que achava. Como não recebi o conteúdo, a suposta cliente sugeriu me mandar uma mensagem. Recebi, olhei e ela me disse que eu teria que mandar um número para ter acesso na página. Quando repeti o código, simplesmente meu WhatsApp se bloqueou na hora e apareceu que a minha conta estava sendo usada em outro aparelho”, relata.

Para Ribeiro, a solução foi entrar em contato com o suporte do WhatsApp no Brasil. “No final do dia, recebi uma ligação, tinham recebido meu e-mail solicitando o cancelamento da conta. Perguntaram os meus dados, liberaram o meu acesso novamente e garantiram que iriam ver de onde partiram as ligações que estava recebendo para bloquearem o acesso. Só que por volta das 18h30min, me clonaram de novo. Simplesmente, enquanto eu estava falando com um amigo meu”, explica.

O autônomo tem o número de telefone pessoal na internet, o que pode ter facilitado a ação criminosa. “Isso significa que tudo o que se posta nas redes sociais, tem gente olhando. As minhas últimas postagens foram sobre arquitetura, então, eles associaram”, alerta Ribeiro.

Após a segunda tentativa, o fotógrafo recuperou a conta no aplicativo. Apesar de não ter acesso às mensagens enviadas aos contatos durante o período da clonagem, amigos da vítima o alertaram sobre o golpe. “Eles pediram dinheiro para quem estava na minha lista de contatos. Não foi para todos, mandaram para pessoas aleatórias, cobrando valores referentes a dívidas”, relata.

Entretanto, apesar das dificuldades que passou na última terça, 24, Ribeiro não conseguiu registrar um boletim de ocorrência. “Fui informado que como não teve ninguém lesado, eu não poderia fazer nada. Caso alguém tivesse pago o valor solicitado, teria que fazer a ocorrência pela web”, esclarece.

Como não cair no golpe?

O delegado Reguse explica que esse crime costuma ocorrer com vítimas que divulgam o telefone em redes sociais e sites de vendas de produtos, pois o número fica acessível a todos. “O criminoso entra em contato com a vítima e a induz a fornecer uma senha de acesso ao aplicativo, sob diversos pretextos, como por exemplo autorizar um anúncio em um site de vendas, ou cancelar algum pagamento supostamente indevido”, pontua.

Nesses casos, é necessário a participação ativa da vítima, que fornece dados de natureza pessoal. “O criminoso habilita o aplicativo em outro aparelho celular e passa a solicitar pagamentos a diversos contatos, formulando uma história triste ou uma necessidade financeira passageira”, afirma.

Para que seja evitado esse tipo de ataque, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul fez a cartilha “Cuidado com os golpes na internet”. Nela, é possível verificar orientações sobre prevenção dos golpes do auxílio emergencial, em sites de compras online, do falso site na internet, do intermediador de vendas, do depósito com envelope vazio, clonagem de WhastApp, bilhete premiado, falso sequestro, cartão de crédito clonado, boleto falso, entre outros.