Neste ano decidi mudar de vida. Nos meus planos constava a mudança de emprego e de cidade. Buscava um lugar com qualidade de vida e tranquilidade, mas que também tivesse um pouco da agitação dos grandes centros. Em meio a duas propostas, optei por Bento Gonçalves, após recomendações de um amigo bento-gonçalvense.

Estou aqui há duas semanas, mas por um mês fiquei organizando a mudança e imaginando o que me aguardava, uma mistura de ansiedade e euforia. Neste período estive na cidade por outras duas vezes, passagens rápidas, mas pude perceber que a mudança seria para melhor.

Venho de Pelotas, uma cidade de 350 mil habitantes que enfrenta problemas de mobilidade urbana, segurança e estagnação. Morei na Bahia e em Santa Catarina, mas há cinco anos havia retornado a Pelotas. Pode parecer estranho, mas perdi minha identidade com o lugar, as raízes se foram em 2005, quando saí pela primeira vez.

Embora seja pouco tempo para avaliar uma cidade, consegui traçar um pouco do que Bento Gonçalves reserva. Em pleno desenvolvimento, o município aos poucos se torna cosmopolita, mas conserva suas características interioranas. As belezas naturais e histórias preservadas, a excelente gastronomia, o povo hospitaleiro e o foco no turismo se destacam. Na Metade Sul também temos atrativos turísticos, mas estes são pouco explorados pelos governantes.
Estou tendo o privilégio de viver numa cidade que pensa para frente, onde há progresso. Bento Gonçalves figura entre as dez maiores economias do Rio Grande do Sul. O município é sede de 10 das 500 maiores empresas do Sul do Brasil. A boa sinalização nas ruas fez com que desde o primeiro dia me sentisse tranquila para dirigir, mesmo sem GPS no veículo. Saí sem rumo para conhecer a cidade que me recebia de braços abertos.

Problemas? Sim, existem, como o atendimento de alguns serviços essenciais. Outra dificuldade é em relação aos estacionamentos. Mesmo na Zona Azul é quase impossível achar algum lugar disponível e quando tenho a felicidade de encontrar a vaga não acho o parquímetro.

Não vi cachorros abandonados pelas ruas e nem pessoas em situação de miséria, algo comum em grandes cidades. Uma cidade limpa, bem cuidada, que dá gosto de morar e mostrar aos amigos e familiares.

Na primeira semana caminhava tranquila pelas ruas, sem preocupação com assaltos e furtos, mas ouvi de alguns bento-gonçalvenses que a situação não é das melhores. É bom a comunidade ligar o sinal de alerta e cobrar das autoridades mais segurança antes que seja tarde demais. Não estou aqui para fazer comparações, mas os moradores de Bento precisam se orgulhar. Aqui ainda é um a cidade tranquila para se viver, um lugar onde as coisas dão certo. A preocupação é manter este cenário nos próximos anos.

Tenho enfrentado alguns desafios de quem vem de cidade plana. Nada que com o tempo não acostume. As ladeiras daqui me fazem perder o fôlego. Talvez os anos de sedentarismo e a idade tenham contribuído para o cansaço, mas nos planos já está a retomada da atividade física. Quem sabe daqui a alguns meses não estarei correndo pelas ruas de Bento.