Ouço burburinhos há pelo menos 10 anos de que o jornal impresso vai simplesmente desaparecer. A internet veio para ficar e levar a informação com muito mais agilidade. Esse é só um esboço de todos os tópicos que existem, investimento e vendas em redes sociais, repasse de corrente e fake News nos grupos de WhatsApp e correr apagar antes de dar os sete minutos. E realmente a internet entrega “a informação” em segundos, para qualquer lugar do mundo. Mas devo dizer, algumas “informações” nunca deveriam ser disseminadas.

“As mulheres preferem os homens com barba”. Esse é o título de uma “crônica” que encontrei em um site que, outrora, tinha textos muito interessantes. O texto é afirmativo e generaliza as personagens. Mulheres (todas), homens (todos), tentando explicar por um viés científico-cristão-genético porque as mulheres (todas) preferem os homens com barba, como
se fôssemos animais.

Como se não bastasse, para cumprir com o número de caracteres, um intertítulo nomeia a obsessão por homens com barba (pogonofilia) como modismo, enquanto outro intertítulo explica os significados e o que a barba “diz sobre você”. São 12 mini parágrafos cheios de pré-conceitos, estereótipos, machismo e achismo.

Tá, mas e daí? E daí que esse texto foi o exemplo mais tragável que eu pude trazer aqui. Os outros, que estão aí, na nossa maravilhosa, esplêndida e revolucionária internet, são do tipo “seria cômico, se não fosse trágico”. Não é ironia, a internet é sim maravilhosa, esplêndida e revolucionária, mas as pessoas não sabem usar! Corrida maluca para informar primeiro, não importa se é verdadeiro ou falso. Corrida maluca para gerar conteúdo, não importa se é verdadeiro ou falso. Impactar e lavar o cérebro de pobres pessoas que não têm acesso à verdadeira informação, esse é o objetivo.

O profissionalismo se perdeu via wi-fi, qualquer coisa depois é só apagar. Se não está lá, ninguém colocou. Referências são cada vez mais difíceis de encontrar, a solução é comprar livros, buscar sites de meios de comunicação tradicionais e perfis de profissionais que já passaram por eles. Hoje em dia qualquer abacaxi sem coroa é vendido através de uma “fórmula mágica”, afinal, é preciso tirar dinheiro do povo leigo e iludido.

É decepcionante ver uma ferramenta tão revolucionária sendo tão mal utilizada. Se neste ano avançamos aproximadamente 20 anos da era digital…me pergunto se haverá cérebro para acompanhar com ética (já vejo dificuldades).

O jornal impresso não irá acabar, porque ainda é o meio de comunicação mais confiável. Por tabela, seu portal digital, também. Pode vir “informação” em primeira mão, segundo depois, mas se ela estiver errada, abusiva, anti-ética, ela só será um desserviço à comunidade e um trauma para os envolvidos.

E assim, as mulheres preferem que não publiquem textos sem fundamento. Sobre homens, algumas nem preferem homens. Falem sobre o que vocês sabem, garanto que a probabilidade de dar errado diminui drasticamente.