A fila em frente ao Sine/FGTAS de Bento Gonçalves começa a ser formar às 5h da manhã todos os dias. A aglomeração é formada por pessoas que buscam por uma vaga de emprego na cidade. Dentre todas essas, a maioria está há mais de seis meses sem receber salário e, principalmente, sem conseguir quitar as contas mensais. E essa rotina não é exclusiva da Capital do Vinho, pois o IBGE divulgou no último dia de janeiro, que mais de 12 milhões de brasileiros estão desempregados, esse é o maior número desde 2012.

Depois de oito anos trabalhando como promotora de vendas na Seara, Rejane Franchini, de 54 anos, está cumprindo os 30 dias que ainda restam para sair da empresa. Ela e mais de 20 colegas foram demitidos, e a situação agora é de medo. “Estou me sentindo um passarinho dentro de casa, não sei ficar parada e estou apreensiva. Não sei o dia de amanhã, mas tem uma coisa que tenho certeza, não quero me sentir uma inútil. Tenho saúde e pretendo trabalhar muitos anos ainda”, comenta Rejane.

Já Sheila, há oito meses tem uma rotina conturbada na entrega de currículos. Ela já passou por todas as agências de empregos na cidade e garante que não está sendo fácil ser chamada pelas empresas para fazer entrevista. “Quando pedem escolaridade, não precisa experiência e vice-versa, só que acho que se eles não derem uma chance para quem quer trabalhar, vai ser muito difícil… Isso que tenho segundo grau completo”, salienta a jovem de 28 anos.

Marli, que trabalhou por longos anos como cozinheira, há sete meses está parada e garante não conseguir vaga em Bento Gonçalves. “Cheguei no Sine às 6h, mas mesmo assim, não há vagas, eles não chamam nem para fazermos entrevistas. Esses dias eu reclamei da falta de consideração com quem está desempregado, que precisa pegar dois ônibus para ir para as reuniões nas empresas e, chegando lá, recebemos o aviso que a vaga já foi preenchida. Eles deveriam avisar antes, sem dúvidas”, reclama.

A procura por um trabalho diário é corriqueira, mas Marli não deixa de fazer os famosos “bicos” para conseguir um dinheiro no final do mês. “Eu pago R$ 500 do terreno onde construí minha casa e essa é uma conta fixa alta, como vou simplesmente esperar que alguma empresa me chame para entrevista? Preciso correr atrás e, na maioria das vezes, além do emprego formal, preciso trabalhar por fora para complementar a renda, que é baixa”, diz a cozinheira.

Daiana, de 31 anos, reclama quando o assunto é quantidade de vagas disponíveis. “Tenho ensino médio completo e experiência em diversas áreas, mas em 30 dias só diz uma entrevista. Eles poderiam nos dar mais oportunidades, até para possam nos conhecerem”, observa.

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