Não tenho dúvidas de que para os brasileiros que gostam de estar bem informados – e quando falo em “bem informados” não me refiro àqueles que assistem os jornais da Rede Globo, leem o Estadão, a Folha ou a Veja, mas aqueles que buscam os contrapontos em outros meios de comunicação, inclusive do exterior – sabem que temos várias “crises” pululando no Brasil. Há a “crise” na economia. Essa “crise” está colocando o País em risco, já que a taxa de desemprego é uma das, senão a, menores da história. E quando o desemprego deixa de ser um cavalo de batalha para setores da política e da imprensa “amiga” a serviço deles, a “crise” está estabelecida. Só que é a “crise” da informação verdadeira, do bom jornalismo, da isenção. Há, também, a “crise” dos transportes, já que uma nova lei obriga os motoristas de caminhão a terem uma jornada de trabalho decente, civilizada, na qual podem descansar. Imaginem só! Onde já se viu um motorista de caminhão descansar! A outra “crise” é nos combustíveis. O governo resolveu autorizar a Petrobrás a efetuar um “absurdo” aumento de 6,6%, depois de DEZ ANOS sem aumentos. Claro que a “crise” foi amenizada por alguns postos, já que ao invés de transferir para as bombas o aumento real – algo em torno de 4,2% – resolveram fazer uma “recomposição de margem de lucros” e adicionaram um valorzinho a mais. A “crise” inflacionária, porém, é a que está preocupando mais a chamada “grande imprensa”. Aquela imprensa que está preconizando a “crise”, a “disparada da inflação”, o “apagão energético”, etc, prevê, também, o recrudescimento da inflação. Em Porto Alegre, jornal diário, na edição de ontem, foi taxativo: “DRAGÃO VIVO”. E não deixou por menos, colocando números. Por exemplo, os vilões da inflação seriam a batata-inglesa (aumento de 25,23%); cigarros (13,29%); ensino superior (6,45%; show musical (5,28%) e excursão (5,09%). Segundo essa fantástica fonte de informações, a inflação de janeiro de 0,92% (medido pelo IPC-S da FGV- Índice de Preços ao Consumidor Semanal) foi pressionado por esses itens, notadamente. Já os que aliviaram a pressão foram: passagem aérea (-13,93%); tarifa energia elétrica residencial (-4,81%); computador e periféricos (-3,23%); gasolina (-0,87%) e condomínio residencial (-,076%). O resultado foi um aumento de 0,87% para 0,92% na semana. Se vê que as classes menos favorecidas foram atingidas em cheio. Foi um aumento de 0,05% que coloca em risco a estabilidade da capital gaúcha. Os itens que sofreram maior variação são os que os pobres mais sentem, tais como: cigarros, ensino superior, show musical e excursão, além a batata-inglesa (sazonalidade, talvez?). E basta se sair às ruas e rodovias para sentir a “crise” bem próxima. São dezenas, centenas de caminhões rodando e transportando cargas e cargas de “crises”. Conclusão: eles pensam que somos todos idiotas. Ora, vão plantar batata-inglesa para ver se o preço baixa. Me poupem!!!