Como é que aprenderam a construir casas e cortar árvores logo que chegaram da Itália?
O governo, então, lhes deu ferramentas, mas não tinham prática para usá-las. Chamavam então, os vizinhos para que lhes ensinassem abrir e rachar os pinheiros com a “maça”. Esses vinham a lhe ensinar abrir e rachar os pinheiros, a fazer vigas-bases, vigas-teto, tabuinhas; depois eles iam cuidar dos seus trabalhos e cada um rachava seus pinheiros. Chamavam alguém com um pouco de prática e, devagarzinho, construíam a cozinha e a casa, tudo em madeira de pinheiro. E as vigas-bases eram o pinheiro inteiro, empurrados à mão com alavancas de madeira. Depois montavam-nas para fazer as casas. As tábuas eram rachadas e esquartejadas a machado e a machadinho. Não havia serraria em parte alguma.

Depois que fizessem a casa iam buscar a família onde estivesse e a levavam para lá. A família era deixada em uma casa provisória de algum conhecido, até que não tivesse feito as casas não iam busca-la. E os maridos dormiam debaixo das árvores, ou faziam uma casinha de folhas de palmeiras ou samambaias-xaxins. Logo que terminassem a casa, iam buscar a própria família e chegavam no meio do mato e não tinham mais nada para comer. E nessa clareira em que havia construído a sua casa, cresciam maravilhas e, então, as mulheres ficavam satisfeitas porque tinham comida…

As áreas onde foram assentados os imigrantes italianos, terras devolutas ainda não ocupadas antes e onde apenas eventualmente cruzavam tropeiros, consistiam geralmente de matas virgens. As levas iniciais de imigrantes ficavam alojadas até vários meses em barracões improvisados, enquanto sob o traço e supervisão de engenheiros contratados pelo governo brasileiro(alguns deles italianos) abriam as primeiras clareiras e demarcavam s lotes, tanto rurais quanto urbano.

Recebendo o colono seu lote, portanto, aí tudo havia por fazer. Devido à premência em desenvolver a atividade produtiva, inicialmente as construções só puderam receber o mínimo de cuidados indispensáveis.
Portanto, a princípio ergueram construções improvisadas, que seriam substituídas, após etapas sucessivas, por edificações permanentes, na medida em que o ritmo da vida colonial já estivesse sedimentado e, superado o desconforto dos anos pioneiros, chegassem enfim ao conforto necessário.

Esta arquitetura provisória, verificou-se tanto no meio urbano quanto no rural. Segundo João Spadari Adami, a terefa da Diretoria da Colônia, não consistia somente na demarcação da povoação, a qual se transformava. Precisava torna-la habitável. Então, os imigrantes que iam povoá-la, circundando o Engenheiro e seus auxiliares que a delineavam, assim que seus delineadores concluíam um certo trecho e, apenas com as ferramentas da época(machado, serrote, carrinho de mão, facão, pá, picão e outros utensílios de menor importância), faziam as derrubadas. E o mato derrubado transformavam-no em madeiramento para a construção das próprias habitações, o qual não lhes custava um vintém, sequer.

Dos pinheiros, extraíam o madeiramento, as tábuas e as tabuinhas para cobertura das casas com outras árvores faziam sarrafos e palanques para cercar os próprios terrenos, e as madeiras de lei utilizavam-nas para fazer cepos, os quais eram utilizados como pilares das casas.
Enfim, na fundação do povoado, todo mundo ajudou… Homens, mulheres e crianças. Havia tarefa para todos.