A quase totalidade dos imigrantes italianos que vieram para o Rio Grande do Sul eram agricultores, mas tinham a noção de artesanato. A necessidade os obrigou a evoluir e tentar ampliar seus conhecimentos. Na tentativa de aprender, progrediam e cada um aperfeiçoava as suas habilidades. Existia o sonho de erguer casas, montar moinhos, movimentar serrarias, fabricar carroças, arados, enxadas, foices, facões, panelas, produzir pipas, barris, dornas, baldes, mesas, armários, empalhar cadeiras, encestar garrafões, fazer cestos, chinelos, sapatos, botas, selas, confeccionar roupas, máquinas para esmagar a uva, debulhar o milho, trilhar o trigo, trançar laços de couro, curtir couros e pelegos (pele de lã de ovelha). À medida que iam executando as tarefas, mais se aperfeiçoavam.

                As mulheres, imitando seus antepassados, teciam e costuravam. Com palhas de milho faziam sacolas e com as de trigo, confeccionavam a trança e faziam “sportas” (sacolas) e também chapéus. Aproveitavam vimes e as abundantes taquaras para confeccionar diversos tipos de cestas, utilizadas na colheita do milho e da uva. “Foi dessas modestas e primitivas manufaturas que se originaram muitas das grandes fábricas de hoje. É nessa colônia italiana que se encontram diversas das maiores indústrias do Brasil e da América Latina.”

                Como parte política imigratória do País na segunda metade do século 19, o nordeste do Rio Grande do Sul foi habitado. Para cá vieram italianos que construíram uma sociedade inicialmente de base agrícola, evoluindo, posteriormente, para a industrialização.

                Os vinhedos e os trigais mudaram a paisagem que por milênios conservou-se intacta. Com a palha de trigo originou-se um rico artesanato que preenchia as horas de lazer das mulheres. “La dressa” é trançada com habilidade e delicadeza: as tramas das longas tiras de palha envolvia o emaranhado de sonhos, esperanças e suor…

                Nos primeiros anos da imigração, o trigo não era cultivado na região. Plantava-se cevada: todavia, o pão deste cereal deveria ser consumido no mesmo dia, pois endurecia rapidamente. O aparecimento do trigo resolveu o problema: moinhos com grandes rodas d’água foram acrescidos a uma paisagem de videiras e pinheiros.

                O plantio de trigo é efetuado de maio até o fim de julho e sua colheita ocorre de outubro até meados de dezembro. Era amarrado em feixes, com a própria palha, depois com cipós e taquaras; mais tarde, com vimes.

                As trilhadeiras eram usadas coletivamente. O dia de trilhar o trigo constituía uma verdadeira festa; as vizinhas e filhas casadas vinham auxiliar na preparação do almoço, composto de pratos que fugiam ao trivial. Era uma festa da colheita com muita comida diversificada. A produção de trigo perfazia mais da metade de produtos cultivados na região.