Gosto de pensar os filhos nos dão pequenas lições todo dia, tão despercebidamente que na grande maioria das vezes nem sequer nos damos conta delas.

Evidente que alguns pais não aprenderão nada com os filhos se investem mais nos pés do que na cabeça deles. Os pais que criarem seus filhos com um cardápio televisivo também nada aprenderão.

Diálogo I

– Alô!

– Só liguei para dizer que te amo, filha!

– Eu também!

– Eu também, o quê?

– Também amo eu.

Diálogo II

– O que é isso papai?

– É o intestino delgado.

– E para que serve?

– Não sei como explicar direito.

– Mas eu sei, pai, intestino é o canal do cocô!

Diálogo III

– Quantos anos você tem, papai?

– Trinta e oito!

– Pois acho que um dia ainda serei mais velha do que você!

Diálogo IV

– A flor tá doente?

– É, ela está morrendo!

– Se fosse de plásico não morria nunca.

Diálogo V

– Para que serve a ferradura na porta?

– Dar sorte!

– Só não muita sorte para o cavalo que a usa, não é papai?

Diálogo VI

– Por que a noiva mudou de idéia, papai?

– Como assim?

– Ora, ela entrou na igreja de braço dado com um velho e saiu com um bem moço?

Diálogo VII

– Pai, o mano puxou meu cabelo… buá, buá…

– Puxou seu cabelo, filha?

– E torceu meu braço… buá, buá…

– É?!?

– E soqueou meu nariz também!

– Acho melhor você fechar os olhos para não ver a surra que vou dar no sem vergonha.

– Deixe pra lá, papai, não doeu quase nada!

Diálogo VIII

– Perdi meus óculos e não consigo mais encontrá-los, filha.

– Não se preocupe, papai, apesar de terem pernas eles não podem ir muito longe sozinhos.

Diálogo IX

– O que faz o porco, filha?

– Grunhe-grunhe.

– E a galinha?

– Cisca-cisca.

– E o gambá?

– Fede-fede.

– E o tio José?

– Bebe-bebe e fede mais do que o gambá.

Diálogo X

– O que quer que o Papai Noel dê para você, filha.

– Não quero que me dê nada não, mãe, mas que tire…

– Tire o quê, filha?

– Tire o vício da bebida do papai…

Diálogo XI

– Pai… papai… escute papaaaaai…

– Que foi, filha?

– Quanto tempo levar para aprender a falar?

– Apenas alguns meses.

– Mas acho que aprender a ouvir leva a vida inteira, não?